Nas últimas duas edições a LX Machine Learning School aconteceu remotamente. Tem-se perdido a vida social pós formação, como as sessões de provas de vinho em casa de João Graça, CTO da Unbabel, e um dos ideólogos da Escola, ou a grande celebração dos dez anos de formação na área de Processamento de Linguagem Natural (PLN), prevista para o ano passado. Mas não esmoreceu a procura por esta iniciativa que já se impos no mundo do machine learning, em particular do PNL. A decorrer neste momento – de 7 a 15 de julho – volta a contar com os melhores formadores na área, atraindo formandos de todo o mundo, assegura João Graça, que durante as primeiras sete edições também fez parte do grupo de formadores.
Com mais de mil alunos já formados pela academia de verão, montada em parceria com o Instituto Superior Técnico, e com o patrocínio de empresas como a Google e a Amazon, João Graça está habituado a receber feedback de profissionais que evoluem na área, depois da passagem por lá. “Dá uma boa base para entrar na área, é uma espécie de rampa de lançamento para PLN. Passados anos, as pessoas agradecem-nos”, conta.
Podemos dizer que tudo começou porque Graça queria arranjar um grupo de ‘amiguinhos’ com quem pudesse ‘brincar’ ao processamento de linguagem natural. “Começou de uma forma meio naif porque eu e o André [Martins, também da Unbabel] queríamos fazer investigação nesta área.” Hoje o curso é, obviamente, uma fonte de recrutamento importante para a empresa, que recorre a PNL para desenvolver um sistema de tradução, baseado em machine learning, com apoio de revisores humanos. Todos os anos concorrem, em média, umas 700 pessoas, para 200 vagas. Tipicamente doutorandos na área ou pessoas ligadas a empresas de base tecnológica. “A escola está feita para alunos de doutoramento, mas privilegiamos os candidatos portugueses e os que têm ligação à indústria”, admite.
A contratação de talentos nesta área começa a ser um problema sério para as tecnológicas, dado o crescimento do setor, a nível mundial. As universidades portuguesas têm estado a adaptar-se às exigências do mercado, criando novos cursos em Ciência de Dados ou Inteligência Artificial. Mas isto só por si pode não resolver o problema das empresas com escritório em Portugal. “As universidades portuguesas dão uma formação muito boa, com qualidade. Mas além de continuar a formar também temos de atrair pessoas já formadas para cá. Caso contrário Portugal pode ser vítima do nosso próprio sucesso”, nota, João Graça, sobre o risco da fuga de talentos.
Mantendo uma forte ligação à investigação, o fundador da Unbabel, empresa que tem escritórios em Portugal e na América, reconhece que para conseguir atrair os maiores talentos na área não basta pagar bem. É preciso continuar a ter projetos que entusiasmem e estimulem a criatividade. “O nosso objetivo é sermos os melhores na área.”