O alerta foi dado pelo cientista da Universidade da Academia de Ciências Chinesa, Wang Shouyang, num artigo publicado na revista Nature Communications: “O consumo crescente de energia e as emissões de carbono associadas à mineração de Bitcoin pode comprometer os esforços globais de sustentabilidade.” Mais de 130 milhões de toneladas emitidas em 2024, o equivalente às emissões do Catar e da República Checa juntos, devidos a um consumo de energia de 296,59 Twh, poderá comprometer o cumprimento das metas estabelecidas pelo governo chinês para 2030.
As contas foram feitas a partir de um modelo matemático e tem em conta o crescente interesse chinês em criptomoeda, como a Bitcoin, mas também no Yuan digital que o governo pretende lançar com o intuito de vir a substituir o dinheiro impresso em papel.
Todas as criptomoedas têm na sua origem a tecnologia de blockchain, que é uma base de dados de transações partilhadas, com cada entrada a ser confirmada e encriptada. A segurança da rede é garantida por utilizadores comuns, chamados ‘mineiros’, em operações de verificação muito consumidoras de energia. “O acesso a energia barata e a proximidade dos fabricantes tem levado a que grande parte do processo de mineração ocorra na China, correspondendo a 70% da rede mundial de Bitcoin”, refere o co-autor.
A única forma de garantir que a China não se desvia dos objetivos traçados para a redução das emissões é canalizar a mineração de Bitcoin para redes elétricas alimentadas por fontes de energia renováveis em vez de centrais à base de carvão, recomenda-se.
Apelidando a criptomoeda minerada na China de “moeda de sangue”, o empresário e apresentador do famoso programa de televisão americano Shark Tank, Kevin O’Leary, que investiu 3% do seu portfolio em Bitcoin, declarou publicamente que a partir de agora só voltará a comprar ‘moeda verde’. Uma decisão que está em linha com o que defendem os autores do artigo da Nature, citados pelo site The Academic Times. “Queremos que as pessoas ganhem consciência dos problemas associados às criptomoedas e que comecem a pensar nas seguintes questões: valerá esta indústria o impacto ambiental que lhe está associado e como poderemos tornar a mineração de Bitcoin mais sustentável no futuro?” Aqui está uma pergunta para um milhão de bitcoins.