Kits de diagnóstico, testes de imunidade, ventiladores adaptados, a crise da Covid tornou absolutamente evidente que é à Ciência que podemos ir procurar as soluções para a ameaça mundial. Portanto, numa altura em que se discute em Portugal o Plano de Recuperação Económica e Social (2020-2030), no Conselho de Ministro de dia 17 e 18 de Julho, e se negoceia o orçamento do Programa Quadro Europeu (Horizonte Europa, 2021-2027), já com um possível corte de 5 mil milhões de euros cientistas e empresários apelam ao Primeiro Ministro que não esqueça a lição da pandemia e que na definição do novo normal dê especial atenção à Ciência e à Inovação.
Num manifesto entregue hoje, 50 empresários e 50 cientistas pedem, por exemplo, maior investimento a longo prazo em recursos humanos excelentes e em infraestruturas tecnológicas da ciência fundamental ou maior investimento na ligação da indústria nacional e internacional à investigação e inovação.
“A posição que Portugal assume no combate à pandemia é o resultado do investimento e produção de conhecimento dos últimos 30 anos: em tempo recorde houve mobilização, reorganização na produção de conhecimento, nos métodos de diagnóstico e na utilização de equipamentos indispensáveis à luta contra a pandemia”, lê-se em comunicado.
A inovação é fundamental para reforçar a competitividade da economia, criar emprego e potenciar o desenvolvimento social .
Paulo Azevedo
Mónica Bettencourt-Dias, Diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência, e uma das signatárias sublinha que “a ciência fundamental e translacional, a Inovação e a garantia de interação entre diferentes sectores são pilares estratégicos na resposta aos desafios atuais e futuros. Agora é o momento de consolidarmos o que verificamos ser inevitável e garantir a liderança de Portugal na definição de estratégias visionárias.” Do lado dos empresários, Paulo Azevedo, Chairman da Sonae, sublinha que “a inovação é fundamental para reforçar a competitividade da economia, criar emprego e potenciar o desenvolvimento social. Por isso, é crucial para o futuro do País a definição de políticas públicas urgentes que potenciem esta aposta e fomentem a cooperação entre os mundos empresarial, científico e académico. Só através de um esforço conjunto de todos os atores privados e públicos é possível responder aos desafios criados pela pandemia, construir uma economia baseada no conhecimento e potenciar a competitividade e o emprego em Portugal”.
A partir de hoje à tarde, o Manifesto poderá ser assinado por quem se quiser juntar a este movimento em prol da Ciência.