Como muitos fãs de ficção científica sabem, a palavra robot, derivada de robotnik (“trabalhador forçado”, em checo), foi escrita pela primeira vez no livro RUR do escritor Karel Čapek. Esta obra não terá influenciado de sobremaneira a evolução tecnológica, mas se Čapek não tivesse inventado a palavra robot, então muito provavelmente não existiria a marca iRobot. Foi este fabricante que criou o mercado dos aspiradores robóticos com o lançamento dos primeiros Roomba, em 2002, a marca que continua a ser a referência do mercado. Ainda estamos longe de poder ter uma Rosie, a robô que tratava das tarefas domésticas da família dos Jetsons na série de desenhos animados com o mesmo nome. Mas já podemos ter um robô para nos ajudar a aspirar e até a lavar o chão.
Funcionam? A acreditar na experiência do autor deste texto, que já usa estas máquinas desde 2005, a resposta é “sim, mas…”. Tudo depende das expectativas. Desengane-se quem acha que um aspirador deste tipo substitui por completo uma aspiração manual de vez em quando. Apesar da forte evolução, sobretudo na componente de Inteligência Artificial (IA), há sempre zonas às quais estas máquinas não chegam. Mas ajudam, e muito, a manter o chão limpo no dia a dia. Se o espaço for “Roomba friendly” e se usarmos um bom robô, é provável que passem semanas até que se sinta necessidade de uma aspiração manual. Ainda mais quando o trabalho é feito usando não um mas dois robôs: aspirador e mopa.
A importância da IA
Recorda-se daqueles carros a pilhas que andavam de modo aleatório e mudavam de direção quando batiam contra qualquer coisa? Basicamente, era assim que funcionavam os primeiros Roomba e é ainda assim que funcionam os aspiradores robôs mais económicos. O que não é a forma mais eficiente de cobrir uma área. Os modelos mais avançados são capazes de mapear as divisões, detetar sujidade e o tipo de piso e adaptarem-se em função destas variáveis.
E no que à IA diz respeito, o Roomba i7 lidera o ranking. Este aparelho é o único que testámos que, dia após dia, foi capaz de voltar à base de carregamento mesmo quando trabalhou em várias divisões. É infalível? Não. Por exemplo, um cabo de carregador de telemóvel esquecido no chão acabou nas “entranhas” do aparelho levando-o a parar e a pedir ajuda. Sim, porque este Roomba é capaz de “falar”em alta voz e de comunicar com o utilizador via app. É nesta app para smartphones que podemos ver como o aparelho mapeia a casa e como vai aprendendo a melhorar a eficiência. Quanto mais aspira, melhor é o trabalho e é até capaz de diferenciar obstáculos ocasionais – um brinquedo esquecido, por exemplo – de elementos fixos, como mobília. Melhor ainda é a versão i7+, em que a estação de carregamento funciona como um segundo aspirador para recolher o lixo do depósito do robô. Nesta versão, podemos passar semanas sem qualquer tipo de intervenção já que a estação de carregamento tem um saco de lixo com capacidade para dezenas de aspirações. O que significa que o i7+ aspira, vai despejar o lixo e carregar a bateria e volta ao trabalho no ponto onde tinha ficado. Se quisermos uma limpeza ainda mais profunda, podemos associar a este Roomba a mopa robótica iRobot Braava Jet M6, que tem módulos para funcionar como esfregona (com água e detergente) e como pano de limpar o pó (a seco). O Roomba i7 e a Braava Jet M6 podem trabalhar como equipa usando o mesmo sistema central de controlo e gestão (a app). O resultado desta dupla impressiona pela eficiência do trabalho.
Mas o Roomba i7 é caro, ainda mais na versão i7+. Demasiado para a maioria dos utilizadores. Relativamente aos modelos mais baratos, depois de testarmos mais de uma dezena de aspiradores robóticos, a primeira conclusão é que os modelos abaixo dos €100 acabam por ser um desperdício de dinheiro. Até aspiram alguma coisa, mas são pouco eficientes e precisam da constante ajuda humana para os desencravar e os manter a funcionar. Mas há alguns aspiradores mais acessíveis capazes de fazer um bom trabalho. É o caso do Ecovacs Deebot 605, que, em várias lojas, custa menos de €300. Além de aspirar, pode reforçar a limpeza passando com um pano húmido para eliminar o pó mais persistente. Não é tão “esperto”como os melhores Roomba a evitar obstáculos, mas funciona muito bem sem ficar limitado a trabalhar numa única divisão, mesmo que seja grande.
Quando a limpeza com água à mistura não resulta bem – pisos de madeira, tapetes e carpetes, por exemplo –, o melhor é apostarmos apenas na aspiração. O Roomba 606 (cerca de €250) não tem a componente de controlo por app (via rede wi-fi), mas tem uma aspiração poderosa e eficiente e, por ser um Roomba, é de manutenção fácil.
Uma coisa é certa, depois de nos habituarmos a um bom aspirador robótico, o difícil é vivermos sem uma destas máquinas.
Cuidados ao escolher
- Os modelos equipados com wi-fi e app de controlo permitem uma gestão remota
- A dimensão, sobretudo a altura, pode impedir o acesso do robô a algumas zonas (debaixo dos móveis, por exemplo)
- Se a área a aspirar for grande e/ou se quiser intervir pouco, prefira robôs com reservatórios maiores ou capacidade de despejar automaticamente o lixo na base
- Os robôs equipados com rolos de borracha em vez de rolos com pentes são preferíveis em casas com animais de estimação (menos bloqueios provocados com pelos)
- Os sistemas que incluem limpeza com recurso a detergentes e água só funcionam em pisos sem tapetes ou carpetes
- Escolha uma marca com boa assistência pós-venda, sobretudo em termos de disponibilidade de acessórios e consumíveis (escovas, filtros e baterias, por exemplo)
TOP 5 DOS ASPIRADORES ROBÓTICOS
iRobot Roomba i7+
€1000 (versão com recolha de lixo)
Capacidade de navegação inteligente
Adaptação aos diversos tipos de piso e obstáculos
Integração como Assistente Google
Potência de sucção
Preço elevado
iRobot Roomba 606
€250
Boa capacidade de limpeza
Eficiente tanto em pisos duros como em tapetes e carpetes
Capacidade do reservatório do lixo
Sem Wi-Fi nem app de controlo
Apenas 1h de autonomia por carregamento
Ecovacs Deebot N79t
€200
Relação qualidade/preço
Potência de aspiração
Wi-Fi com controlo remoto
Configuração do sistema Wi-Fi
Perde-se com alguma facilidade
Samsung VR20K9000UB
€500
Capacidade de lidar com tapetes altos
Sistema de navegação eficiente
Potência de aspiração
Alto (dificuldade em chegar a algumas zonas)
Sem aplicação móvel
Vileda Relax Plus
€250
Diferentes modos de funcionamento (menos ruído, mais potência…)
Capacidade de limpeza
Reservatório de baixa capacidade
Sem Wi-Fi/app (mas com controlo remoto)
Não lida bem com várias divisões