A sigla ESG está, cada vez mais, no topo das preocupações de responsáveis políticos, empresários e investidores. Mas continua a existir o problema de se medir e avaliar como as empresas se saem nos critérios ambientais, sociais e de governo das sociedades. Ao mesmo tempo, o jargão da sustentabilidade é demasiado complexo e necessita de ser simplificado, segundo Carolina Almeida Cruz.
A co-fundadora e CEO da C-More considerou, na conferência “Traduzir Sustentabilidade em Negócio. Descodificar ESG para PME” que decorreu esta segunda-feira, que há uma “linguagem muito erudita sobre um tema que devia ser simplificado”. Paulo Câmara, partner da Sérvulo & Associados, relembra que, no que diz respeito ao ESG, o regulador europeu “tomou a opção de se focar nas grandes empresas com as regras de reporte a aplicarem-se apenas às empresas de grande dimensão”.
No entanto, Paulo Câmara realça que “há aqui uma dimensão que está esquecida na agenda europeia e não podemos deixar esse universo ficar de fora”, referindo-se às PME. Defende que “temos de ter uma linguagem muito simplificada e transmitir mensagens que cheguem a cada um dos pequenos empresários” e que “a literacia de ESG tem de chegar ao board”. O caminho, diz, passa por se conseguirem ter “métricas mensuráveis, realistas e relevantes” e por uma “aproximação à estratégia de cada empresa”.
O partner da Sérvulo & Associados salienta a importância daquelas métricas. “Definem um ponto de partida e permitem desenhar o que será um ponto de chegada”. Avisa que “não são métricas para um trimestre, um ano ou mesmo um mandato, estamos a pensar numa escala de décadas e procurar ter uma ambição temporal diferente”.
No entanto, tirar uma fotografia à forma como as empresas incorporam os critérios ESG nos seus negócios pode não ser uma tarefa fácil. A C-MORE desenvolveu um software – o ESG Maturity – que vai começar a ser usado pela Flexdeal, uma sociedade de investimento mobiliário para fomento do mercado (SIMFE). O CEO desta empresa, Alberto Amaral, assume que funciona como um personal trainer das PME e, por isso, diz que existe a obrigação de ter um plano de treino.
O objetivo, segundo o líder da Flexdeal, é “transformar o tecido empresarial português naquilo que é o tema da sustentabilidade”. E, para o concretizar, a SIMFE assinou um protocolo com cinco associações empresariais: a CIP – Confederação Empresarial de Portugal; a AEP – Associação Empresarial de Portugal; a AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal; a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e a AIP – Associação Industrial Portuguesa.
Esta conferênca foi promovida pela Flexdeal, em parceria com a C-More: Beyond the Obvious, a Sérvulo&Associados e o IAPMEI, e contou com a EXAME e a Visão como media partners, e realizou-se esta segunda-feira, 7 de novembro, num hotel em Lisboa.