A economia circular é um conceito, económico e estratégico, que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Tem vindo a ganhar destaque e a tomar um lugar dianteiro nas preocupações e escolhas da população, em especial das gerações mais jovens que já fazem do “verde” e do “ambiente” causa e bandeira nos mais variados cenários. E ainda bem! Este movimento de consciencialização é necessário e, em que melhores mãos poderia estar do que nas das gerações que podem perpetuar a mudança no tempo.
Mas os conceitos são tantos e as opções ainda mais que pode, por vezes, tornar-se confuso perceber quando e como estamos realmente a contribuir para uma mudança e melhoria ambiental. O mundo dos recondicionados não é exceção. Mas vejamos os factos, o impacto e as soluções.
O mundo digital representa quase 4% das emissões globais de carbono e o grande impacto da tecnologia na quantidade de lixo prende-se com a produção de dispositivos. Desde o momento em que são fabricados até ao momento em que são descartados, os nossos dispositivos eletrónicos têm um enorme impacto sobre a Terra e estima-se que, em 2040, a tecnologia de comunicação seja responsável por 14% do carbono emitido para a atmosfera. As empresas estão a produzir dispositivos eletrónicos em excesso e 90% da pegada de carbono da eletrónica provêm do fabrico de aparelhos. De forma mais concreta, e adaptada às medidas que melhor conhecemos, para produzir um único smartphone são utilizados 908 litros de água, o que equivale a mais de 800 banhos. Quando este tema é discutido vamos provavelmente ouvir falar de reciclagem dos aparelhos, e ainda bem que esta é uma opção. Mas, na verdade, não é suficiente, especialmente quando estamos a comprar e a descartar novos aparelhos a um ritmo que não pode ser reciclado adequadamente.
Precisamos então de olhar para além das escolhas habituais e perceber que opções existem.
A maioria de nós cresceu rodeada por uma realidade centrada na economia linear, onde as matérias-primas são extraídas para fazer eletrónica que está propositadamente destinada a acabar num aterro sanitário. No entanto, existe alternativa – a economia circular e os dispositivos eletrónicos recondicionados.
Na economia circular, a tecnologia é feita para ser utilizada o máximo de tempo possível. Se quisermos prolongar a vida dos nossos recursos naturais, precisamos também de prolongar a vida da nossa eletrónica (e de todas as nossas coisas). É verdade que o recondicionamento também tem impacto ambiental, mas as emissões de CO2e que o processo de recondicionamento de um smartphone emite são 16,5 vezes menores, quando comparadas com as emissões que acontecem com a produção de um novo telemóvel.
Então, depois dos factos e dos impactos, fica a solução e aquela que deve ser mais do que uma opção, a primeira escolha dos consumidores quando é realmente necessária a compra de um dispositivo eletrónico: os aparelhos recondicionados.
Estes permitem a diminuição da pegada individual, ao contribuírem para a economia circular sem abdicar da escolha de produtos em totais condições de utilização. No fundo é a escolha por produtos que podem estar como novos, com todas as garantias, mas com melhores preços.
A responsabilidade social e as mudanças necessárias para reduzir a pegada ambiental atravessam vários campos. Governamentais, organizacionais, mas também individuais. E cada um de nós pode fazer a diferença no seu círculo de ação.