Apoios à renda e ao crédito, aumentos mais altos para os funcionários públicos, antecipação da subida das pensões, mais ajudas para as famílias pobres e o compromisso da descida de IRS. Os últimos meses foram férteis em novas medidas de apoio às famílias. Uma interpretação possível – e frequente – é que elas coincidiram com uma pressão política crescente sobre o Governo. Porém, estas só são possíveis porque as receitas fiscais continuam a crescer muito acima do orçamentado, dando um impulso decisivo às contas públicas. E o maior empurrão vem da subida de preços.
É uma crise bipolar para os responsáveis económicos de qualquer país. Uma inflação elevada – em Portugal chegou aos dois dígitos – nunca é desejada por um governante. Provoca dor às famílias, descontentamento social e a sua resolução está fora das mãos do Executivo, ainda para mais estando o País integrado na Zona Euro. No entanto, é inegável que a subida de preços deu uma ajuda preciosa às contas do Estado, o que se refletiu num défice mais perto do equilíbrio e numa dívida a recuar mais depressa.