Apesar de não serem tecnologias novas, as realidades aumentada (RA) e virtual (RV) ganharam recentemente novo impulso e prometem estimular uma transformação em diferentes áreas de atividade.
Os avanços mais visíveis foram protagonizados por duas das mais importantes tecnológicas do mundo. Primeiro, Mark Zukerberg anunciou um mega-investimento da Meta, proprietária do facebook, no Metaverso que é suportado por estas tecnologias. Mais recentemente, a mesma empresa lançou os Quest 3, os seus óculos de realidade mista, que surgem na sequência de outro lançamento da Apple, o Apple Vision Pro.
Estes lançamentos, praticamente em simultâneo, dão um sinal claro da democratização destas tecnologias com o previsível surgimento de dispositivos pessoais, mais acessíveis, o que antecipa uma reinvenção da indústria do entretenimento (e não só). Apesar destes anúncios terem um impacto global, como estas tecnologias ainda não estão massificadas, pode ser difícil para o cidadão comum perceber em que consistem e de que forma podem ser úteis ao dia-a-dia em sociedade. Então, vamos a exemplos.
Onde é que estas tecnologias já são aplicadas?
Formação
Normalmente utilizada em contextos de formação que envolvem algum risco físico ou que estão relacionadas com equipamentos de elevado valor material – como no caso da aviação ou do manuseamento de maquinaria pesada –, as realidades aumentada e virtual contribuem para acelerar aprendizagens, mas também para reduzir o risco humano e material associado aos processos de treino.
Medicina
Para além de já ser utilizada em contextos de formação e simulação de atos clínicos, as realidades virtual e aumentada já são usadas por médicos na condução de intervenções cirúrgicas, como suporte para garantir uma visualização mais clara do procedimento, bem como para assegurar a sua conformidade com as melhores práticas.
Educação
A realidade aumentada e virtual já é usada para oferecer aos estudantes experiências de aprendizagem imersivas e interativas, que permitem fazer simulações replicando cenários reais, garantindo aos alunos a oportunidade de desenvolverem conhecimento e capacidades num ambiente digital, mais atrativo.
Media
Certamente, já todos assistirmos a blocos informativos no qual os pivots recorrem a soluções de realidade aumentada para oferecer aos telespectadores uma noção mais real de algo novo, ou inacessível, como por exemplo, a apresentação de um novo monolugar de Fórmula 1. Mas as possibilidades não se esgotam aqui. Como se pode ver na apresentação dos Apple Vision Pro, pode estar para breve a possibilidade de se assistirmos à nossa série favorita com os protagonistas a desenvolverem um diálogo junto à nossa mesa de jantar.
Estes são apenas alguns exemplos de como estas tecnologias já são aplicadas no dia-a-dia de muitas atividades, com vantagens evidentes para a sociedade. Mas as possibilidades não se esgotam aqui e, por isso, vamos antecipar o futuro…
O que podemos esperar?
1. Maior integração no mundo real
Com a evolução da computação espacial, os ambientes virtuais passarão a estar mais integrados com a realidade, ou seja, em vez de experimentarmos estas tecnologias através de um dispositivo, de um vidro ou do ecrã de um computador, elas farão parte do mundo real, o que vai exigir dos computadores uma maior compreensão do ser humano e da forma como este interage naturalmente. Provavelmente, é este o metaverso de que se fala há uns anos, e é assim mais fácil perceber como isto poderá valorizar as experiências dos espaços de retalho, cinemas, museus, entre outros. Tudo isto ganhará uma nova dimensão com a gradual integração de Inteligência Artificial, que facilitará a geração e criação de conteúdo. Por outro lado, os avanços tecnológicos em termos de criação de modelos 3D vão reduzir as barreiras de entrada e contribuir para que mais empresas explorem estas tecnologias e ambientes.
2. Mais ativação de sentidos
Além de tudo isto, é de esperar que esta integração da realidade aumentada e virtual evolua no sentido de ativar novos sentidos, para além do visual mais comum. Em particular o tato, através das tecnologias Hápticas, elevando a experiência para outro nível e alargando as potencialidades de aplicação a outra escala.
Como se pode ver, as realidades aumentada e virtual já são tecnologias do presente, com aplicações práticas em várias circunstâncias. Mas há ainda um longo caminho a percorrer para o amadurecimento e democratização da sua utilização. O desafio das organizações é não perder o comboio, experimentar, desenvolver massa crítica e explorar as oportunidades que possam surgir desta nova era.