Saiu a Rolex, entra a LVMH. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo grupo francês, liderado pela família Arnault: a LVMH fechou um acordo com a Liberty Media, a dona da Fórmula 1, para se tornar num dos principais patrocinadores do desporto automóvel, num contrato que se inicia em 2025 e tem a duração de dez anos. A empresa deverá pagar €100 milhões ao ano, segundo fontes citadas pelo Financial Times. O negócio foi liderado por Frédéric Arnault, o segundo filho mais velho da família, que assumiu recentemente a área de relojoaria do grupo.
O contrato prevê que várias das marcas do grupo estejam representadas durante cada temporada, o que significa que podemos passar a ver desde champagne – já que a LVMH detém a Möet Hennessy – a jóias, passando por relógios ou roupa. O ‘Grande Circo’ vai, assim, aumentando de tamanho, enquanto às marcas não é indiferente o crescimento da audiência que este desporto tem registado, bem como a sua diversificação: não é por acaso que o calendário agora engloba mais corridas e em tão diferentes geografias. A decisão de ir para Las Vegas ou Miami foi uma decisão que surgiu em consequência do sucesso da série ‘Drive to Survive’, lançada pela Netflix em 2019. Esta espécie de documentário ajudou também a chamar muito público feminino para um desporto que era, até ao ano passado, constituído sobretudo por homens.
“A oportunidade de fazer escalar os nossos acordos comerciais é reflexo da visão que temos para a Fórmula 1 à medida que o negócio continua a crescer. . .”, referiu Greg Maffei, presidente e CEO da Liberty Media, à mesma publicação. “Esperamos poder continuar a trabalhar com Bernard e Frédéric Arnault nos próximos anos”, rematou.
Patrocinar desporto tem-se tornado uma estratégia das marcas de luxo, que agora não escolhem apenas as modalidades consideradas de elite – como o hipismo ou o ténis -, algo que acontecia até agora. Ainda recentemente a relojoeira Franck Muller voltou a Portugal precisamente para anunciar o reforço da sua parceria (e patrocínio) ao Sporting Clube Portugal.
Tentar aproximar as marcas de luxo de outro tipo de público parece ser a tendência e a Fórmula 1 é terreno fértil para crescer. Muito alavancado pelo sucesso do ‘Drive to Survive’, que explora sem qualquer pudor o lado mais pessoal dos pilotos (sim, até a modelo portuguesa Kika Cerqueira Gomes aparece com Lando Norris, piloto da McLaren) e responsáveis das equipas, bem como todos os conflitos internos e inter-equipas, o público que agora acompanha as temporadas de corridas cresceu e alterou-se significativamente. Dados recentes mostravam que as mulheres já representam 40% dos público da alta velocidade. Ou seja, os patrocinadores têm ainda mais por onde escolher em termos de presença de marcas.
A indústria relojoeira tem sido da que mais destaque tem tido na Fórmula 1, não apenas porque a Rolex foi, nos últimos anos, patrocinadora oficial e a responsável pelos relógios que marcavam o tempo das corridas, mas também porque praticamente todos os pilotos se associaram a uma marca – e a Liberty faz questão de filmar sempre que os três primeiros colocados em cada circuito saem do seu monovolume e colocam um relógio no pulso.
Recorde-se que a americana Liberty Media adquiriu a Fórmula 1 em 2017, num negócio que ascendeu a oito mil milhões de dólares, e que transformou profundamente a forma com este desporto passou a ser comunicado e consumido em todo o mundo.