Na casa que pertenceu à família Keil – precisamente essa, de que faz parte o compositor do nosso hino nacional, Alfredo Keil – ergue-se agora um espaço dedicado à moda, ao luxo, ao design e à forma de estar tão francesa da icónica casa Dior. Mesmo aos pés da Praça da Alegria, o edifício do século XIX, erguido foi Feliz Nicolau Caleia, foi agora renovado por Eduardo Souto de Moura: o número 85 da Avenida da Liberdade passa assim a ser residência da elite da moda.
A loja abriu ao público no final de novembro, começando com visitas exclusivas para clientes, que puderam conhecer o espaço depois dos jornalistas terem tido acesso aos três andares da loja. São cerca de 1000 metros quadrados, dimensões que superam as das lojas da vizinha Espanha, onde o universo Dior convive alegremente com elementos artísticos portugueses – o mais impressionante é a ‘Valquíria’ de Joana Vasconcelos, que se ergue por entre os degraus da escada em caracol, atravessando os três pisos do edifício.
Mas Joana Vasconcelos diz-nos olá ainda antes de subirmos as escadas: um painel de azulejos assinado pela artista, no piso térreo, é uma homenagem a Portugal e a Lisboa, com o sol e a luz como protagonistas. Este é o andar dos acessórios em pele, onde carteiras como a Lady Dior e a Saddle Bag se destacam. Os clássicos convivem com as novidades e com as flores que nos acompanham durante toda a visita. É aqui, também, que encontramos óculos de sol, marroquinaria e peças extremamente delicadas assinadas por Maria Grazia Chiuri, a atual diretora criativa da marca. “Dior é acima de tudo sonho, experiência. Trazer isso para Portugal com esta magnitude era importante para a marca”, diziam os anfitriões durante o encontro com a imprensa.
Os nossos olhos fogem, entretanto, para o canto onde tem destaque a fine jewellery, cuja responsável criativa é Victoire de Castellane, e onde peças incontornáveis como a Rose des Vents têm destaque. Ao lado, claro, de obras assinadas por Valéria Nascimento, Bruno Ollé ou Pedro Calapez.
Hora de subir ao primeiro piso, seguindo as cores, os tecidos e as forma que Joana Vasconcelos foi juntando ao longo dos 20 metros de peça que ganhou um espaço central na loja da maison francesa. Aqui o espaço também é das mulheres, com a coleção permanente em destaque, e a perfumaria Dior a acenar, ao fundo da sala. As galochas com trejeitos de texanas esperam-nos à saída das escadas, mas o hiperfeminino e os estampados ganham facilmente os nossos olhos assim que conseguimos abarcar todo o andar. Mas – confessamos – o lugar que ganhou o nosso coração no edifício foi o pequeno pátio que chama por nós neste andar. Ideal para uma pausa durante as compras, o escondido jardim com vista para a Praça da Alegria dá-nos a sensação de pertença numa casa que não é nossa – mas quem não desejaria que fosse? Trepadeiras, plantas e confortáveis lounge chairs convidam ao convívio e a aproveitar a soalheira Lisboa que, naquele dia de inverno, nos agraciava com as suas temperaturas amenas.
No segundo e último andar, a vez é dos homens: aqui o destaque vai para as coleções cápsula, os ready to wear e as muitas opções de calçado e acessórios. A ideia, explicam os responsáveis, é que os clientes encontrem aqui as opções que lhes permitem ir trabalhar para o escritório mais corporativo e que, ao final do dia, se adequem também ao programa de lazer que escolherem. Os acessórios e as mochilas também estão disponíveis para permitir a experiência completa. Fica a faltar o serviço de roupa à medida que se pode encontrar em Paris, mas quem sabe se ainda não terá lugar?
A chegada da Dior ao mercado português, em vésperas de Natal, foi mais um marco importante para a maison, que na mesma altura renovava as peças da sua exposição, em Paris. Um programa a que, se for amante de moda, não pode faltar – afinal, não é todos os dias que podemos passear por cima do ateliê de Christian Dior e ver algumas das mais icónicas peças desenhadas pela casa francesa.