O antigo tribunal do trabalho de Lisboa, nos Anjos, é agora um centro criativo e de coworking. Uma comunidade quase toda estrangeira, que aqui vive e trabalha, está a dinamizar o bairro – considerado o “mais cool” do mundo para viver em 2021, pela Time Out Global. Parte deste crescimento deve-se ao LACS, que se fixou neste “bairro dinâmico” lisboeta em 2018. E agora, passados cinco anos, sente que está também “a crescer com ele”.
“Sem dúvida de que contribuímos para renovar este bairro”, começa por dizer à EXAME Raquel Correia, diretora de marketing da empresa. “Trabalham aqui cerca de 500 pessoas, todos os dias. Há empresas que têm aqui escritórios privados e outras que apostam nas áreas partilhadas de trabalho. São cerca de 6.000 metros quadrados e cinco pisos, incluindo um terraço”, refere.

Uma das empresas com escritório privado nesse edifício é a Rydoo, tecnológica com sede a Bélgica, mas cujo segundo maior “hub” é no LACS dos Anjos. “Trabalham aqui cerca de 40 funcionários da Rydoo”, explica António Carvalho, diretor de comunicação da companhia focada nas finanças das empresas.
“O LACS é um ‘melting point’ [ponto de fusão, na tradução para português]. Encontramos pessoas de todas as idades, empresas de vários setores com quem trocamos muitas ideias”, explica à EXAME, acrescentando que “o princípio da nossa cultura é que sejam sempre espaços partilhados, para tirar proveito das empresas vizinhas e conhecer pessoas diferentes”.

Na Grande Lisboa, o LACS tem outros dois espaços, anteriores ao dos Anjos. Um no Cais da Rocha do Conde de Óbidos, em Santos – onde renovou as antigas cantinas e balneários do porto – e outro em Cascais. Em breve terá outro centro, também em Santos – na antiga sede da Cofidis – num investimento que rondou os €600 mil . Nos Anjos, depois de um investimento de €1,2 milhões, o edifício tem capacidade para mais de 700 pessoas. No Porto, estrearam-se em outubro deste ano.
Do LACS para o bairro
Neste bairro, que pertence à freguesia de Arroios, os preços da habitação têm disparado nos últimos anos. De acordo com o portal Idealista, os preços para a compra de casas nesta freguesia escalaram 13,9% em novembro deste ano, face a igual mês do ano anterior. Em toda a cidade de Lisboa, a evolução foi de 5,8%, o que se tem refletido numa dificuldade constante de muitas pessoas terem acesso a habitação.
Mas António Carvalho rejeita que o espaço esteja a ser responsável por qualquer “gentrificação da zona”. “Estamos a criar oportunidades de novos negócios locais, nesta zona. Gosto de pensar que é tudo enriquecedor para todos”, remata.
“O preço das casas é uma consequência natural do desenvolvimento da própria cidade de Lisboa”, considera Raquel Correia. “Portugal e Lisboa são lugares para estar em termos internacionais, pela segurança e pelas condições que temos para acolher empresas estrangeiras”, diz.

No LACS Anjos marcam presença, atualmente, cerca de 16 empresas de 8 países diferentes. A comunidade estrangeira está em grande maioria no espaço e, quase todos vivem no bairro. Um desses casos é o de Francesco Spaggiari, italiano, membro da Eufonia – empresa criativa, que neste momento está a desenvolver um programa para levar uma versão aproximada de música à comunidade surda. Juntou-se ao LACS há dois meses e divide a vida entre Lisboa e Berlim, na Alemanha.
“Eu moro aqui muito perto e para mim é essencial que seja no centro da cidade com todos os serviços por perto, acessíveis a pé. Adoro esta zona. É uma das minhas favoritas em Lisboa, tem muita dinâmica e tem um bom compromisso entre cultura e diversidade. É o que me falta em Berlim, todas as culturas africanas que estão em lisboa e não tenho lá”, refere.

Raquel Correia refere que “o LACS dos Anjos tem sido um participante ativo na transformação do bairro. É um bairro que está a ficar cada vez mais cosmopolita”. António Carvalho conclui que “se transformou num centro de comunidades estrangeiras, pela oferta que tem. Muitos restaurantes, bares, é um sítio muito vibrante e todos gostam de aqui estar”.