Numa altura de escassez de mão de obra em diversas áreas e com a digitalização a ameaçar um conjunto de profissões, o futuro do emprego poderá passar pela requalificação dos quadros das empresas, para que as capacidades dos trabalhadores sejam aproveitadas noutros segmentos do negócio.
Em entrevista à EXAME, João Gunther Amaral, CDO (Chief Development Officer) da Sonae, diz que “qualquer empresa da dimensão da Sonae está a enfrentar o problema da requalificação da sua força de trabalho constantemente”, acrescentando que “há uma grande escassez de mão de obra em áreas como de IT” e por isso dão “muita importância à requalificação de pessoas para estas áreas chave, até para depois as podermos ir contratar”.
A Sonae organizou um novo projeto de inovação, o Innovators Forum, cuja primeira edição decorreu neste mês de novembro dedicado ao tema da educação.
“Nesta edição, um dos pontos chaves foi aprendermos o que significa requalificar pessoas e como podemos fazer com que pessoas com empregos em vias de extinção podem ser integradas noutra área através da formação e requalificação”, refere o membro da comissão executiva da Sonae.
O evento contou com a presença de vários académicos e especialistas no tema da educação. “Tivemos alguns momentos muito bons nesta edição, quando ouvimos o David Kellerman a falar sobre a aplicação da inteligência artificial e da realidade aumentada para melhorar a experiência na sala de aula”, acrescenta Gunther Amaral.
Prémios Educação
Um dos premiados deste ano dos “Prémio Sonae Educação”, que destinou um total de 100 mil euros para dois projetos, foi o NoCode Institute, com uma ideia de requalificar a carreira de profissionais, cuja profissões estão em risco devido à economia digital.
A importância da requalificação dos trabalhadores entra ainda num outro projeto apoiado pela Sonae em parceria com o IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, SAP, Nestlé, Associação BRP e CIP que permite que centenas de desempregados consigam ter formações em áreas onde a mão de obra é cada vez mais escassa. Um projeto que permitiu, por exemplo, “uma ex-cabeleireira e um ex-trabalhador de praia” consigam agora estar empregados como técnicos de manutenção industrial, cargo que “foi identificado como sendo uma falha em várias empresas dentro deste projeto”.
O outro premiado do Prémio Sonae Educação foi para a EKUI, projeto que “pretende eliminar barreiras de comunicação e permitir a jovens e adultos, independentemente de terem necessidades especiais, se possam compreender uns aos outros. Já está em prática numa série de escolas em Portugal”, conclui Gunther Amaral.