O ciclo de conferências Cascais Conecta promovido pelo FatorC, Programa de Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC) assinalou quatro anos de trabalho, em que várias entidades se comprometeram a reforçar a coesão social em Alcabideche e S. Domingos de Rana, as duas freguesias mais vulneráveis do concelho de Cascais.
A iniciativa pretende utilizar o retrato que se fez depois destes anos de pesquisa para pensar o futuro da região, numa altura em que o trabalho em rede e as parcerias surgem como, mais do que uma necessidade, um caminho óbvio a percorrer.
Este ‘Laboratório Comunitário’ envolveu “um trabalho em rede entre 47 entidades, para criação de 68 postos de trabalho diretos nas duas freguesias e acompanhamento de 40 empresas e organizações sociais num investimento a realizar até 2023 no valor de €2,8 milhões”, explica o FatorC em comunicado.
Esta quinta-feira, 27 de maio, marcou o encerramento de três dias de trabalho, em que tem sido possível partilhar experiências, boas práticas e discutir o passado e o futuro das organizações sociais. Ocorreu em formato híbrido, com algumas sessões a acontecer na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais – mas com o público a participar via online – e outras em formato totalmente digital.
Pelo ‘palco’ do Fator C já passaram vozes como as Vanda de Jesus, diretora executiva do Portugal Digital, Miguel Pinto Luz, vice-presidente Câmara Municipal de Cascais, Paulo Andrez, Business Angel ou Caroline Callens da Comissão Europeia. Trabalhar local, reforçar redes e tentar mitigar riscos parece ser a mensagem comum de todos os especialistas que entretanto já partilharam as suas experiências e reflexões com as dezenas de pessoas que foram passando pelas plataformas onde o evento está a ser transmitido.
No primeiro dia, Caroline Callens, head of unit DG Policy da Comissão Europeia que faz parte da equipa de trabalho das propostas de coesão territorial destacou “a capacitação das comunidades locais é muito importante e serem as autoridades locais a selecionarem os investimentos que são precisos a nível local para terem uma vida melhor”, enquanto Margarida Couto, Presidente do GRACE, lembrou que “a maior parte das empresas, pelo menos aquelas que querem estar cá mais tempo, já perceberam que o seu papel mudou e que têm também de ser atores sociais.” Esta é por isso uma boa altura, na opinião desta responsável, para as empresas “serem atraídas para iniciativas de impacto local” que ajudem a resolver os problemas das comunidades, pediu.
No segundo dia, dedicado ao empreendedorismo e ao investimento em projetos sociais, Cristina de Botton da Cozinha com Alma – um negócio social, João Benedito da Personal Line e Paulo Cruz da Merenda Portuguesa destacaram a flexibilidade, resiliência e rapidez de resposta como forma de conseguir contornar as dificuldades da pandemia e pediram que se retenha a agilidade operacional, financeira e, sobretudo emocional para o futuro.
Na conversa dedicada à colaboração entre investidores e empreendedores em Portugal Nuno Brito Jorge, Co-Fundador da Go Parity, admitiu que “tem de haver uma vontade muito forte para fazer uma parceria acontecer, uma cultura de empatia de parte a parte” e mais ousadia de quem quer financiamento. Ajudará ainda que os financiadores deixem para trás algum “paternalismo”.
Por seu lado, o ‘Business Angel’ Paulo Andrez lembrou que não são apenas os investidores que podem ajudar a lançar um negócio. Antes de pedir dinheiro, há que considerar também outras soluções que podem passar por explorar “sinergias e parcerias com as Câmaras Municipais ou com as Grandes Empresas” que muitas vezes têm também capacidade e interesse, em ajudar os empreendedores a ganharem experiência e a testarem as suas ideias.
Na quinta-feira, o dia será dedicado à transformação digital e aos empregos do futuro, com a presença de Arthur Jordão, Paula Marques, Pedro Brinca entre outros. Pode rever o evento neste link.