O setor têxtil português está de linha e agulha na mão só à espera da luz verde da certificação para começar a fabricar máscaras sociais em massa. Produtos que, garante, podem ajudar a reabrir de forma controlada a economia nos próximos meses.
“A têxtil vai ajudar a salvar a economia. A máscara social vai permitir que voltemos a ter uma vida económica e social normal,” afirma Mário Jorge Machado. Em declarações à EXAME, o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) diz que “o setor têxtil tem capacidade de produzir e colocar no mercado vários milhões de máscaras em poucas semanas” .
Nos últimos dias, após terem sido divulgadas pelo Infarmed as especificações técnicas para as máscaras sociais, centenas de protótipos começaram a ser entregues junto do Citeve (centro tecnológico para o têxtil e vestuário sediado em Famalicão) para serem validados. Uma vez obtida essa validação, “o processo vai arrancar rapidamente,” confia o responsável. Entretanto, o Governo já anunciou que há 200 empresas interessadas em arrancar com esse fabrico.
Mário Jorge Machado espera que as máscaras em material reutilizável possam ser vendidas em qualquer loja e sejam usadas, em regra, pelos trabalhadores das empresas, complementando os outros comportamentos adotados, como a lavagem frequente das mãos e o distanciamento social. Além de permitirem regressar ao trabalho, acredita que vão ajudar a reduzir os receios dos consumidores no regresso às lojas e aos espaços públicos.
Embora não avance preços concretos para quanto custará cada unidade, o setor está preocupado em não criar o estigma de estas máscaras serem mais caras do que as descartáveis e sublinha a possibilidade da sua reutilização. “É dividir pelo número de utilizações. Vai haver máscaras destas que será possível usar 20 ou 30 vezes,” exemplifica.
Além do mercado nacional, a têxtil portuguesa está de olhos postos na exportação, dado o “grande músculo da indústria, comparado com outros países”. Para isso, a associação pediu recentemente à confederação têxtil europeia Euratex que requeresse a Bruxelas o reconhecimento da homologação das máscaras por todos os países da União Europeia, evitando a necessidade de novas validações por cada novo mercado. “A grande vantagem da produção pelo setor têxtil português é não ficar no monopólio das empresas asiáticas,” conclui.