A MAR Kayaks nasceu em 1978, mesmo a tempo de Manuel Ramos se tornar o primeiro campeão nacional de canoagem com um caiaque feito por si. Esta dupla experiência de empresário e atleta terá sido decisiva para o triunfo da marca Nelo, com o foco na alta competição, de forma a colocar a oferta no topo da pirâmide, garantir reconhecimento, dar gás a um negócio que soma clientes em 100 países e vendas de seis milhões de euros.
O historial de medalhas olímpicas é indicador da evolução da empresa: uma na estreia, em Atlanta (1996), cinco em Sydney, 14 em Atenas, quando passou a liderar o mercado, 20 em Pequim, 25 em Londres, 27 no Rio de Janeiro. “O sucesso exige um trabalho de proximidade com os atletas, para percebermos as suas necessidades, ajustarmos cada barco, maximizarmos o desempenho”, explica Manuel Ramos, habituado a acompanhar os clientes em provas internacionais, a trazê-los aos seus centros de treino de Cinfães, Aguieira e Vila Nova de Milfontes para fazer todos os acertos necessários nos caiaques que saem de Vila do Conde ao ritmo de quatro mil por ano.
A capacidade de falar a mesma linguagem dos atletas ajudou a Nelo a distanciar-se da concorrência. “A ambição de ser o melhor do mundo” também foi decisiva numa estratégia acompanhada de investimentos para desenvolver novos mercados, designadamente em África, onde a marca está a ensinar a fazer caiaques e apoia algumas provas.
Há novos projetos para replicar esta estratégia vencedora no remo, uma modalidade em que a Nelo apresenta uma oferta inovadora, do desenho ao processo de construção, e na vela. Para isso, a empresa, com 110 trabalhadores, está a investir 10 milhões de euros em novas instalações, também em Vila do Conde, onde irá criar mais 90 postos de trabalho. E prevê começar a aceitar desafios para fazer coisas novas com marcas internacionais como a Ferrari, interessadas em aprender com este modelo de negócio.
Este artigo é parte integrante da Exame de Junho de 2017