Chega-se a 2015 e o Banco Espírito Santo desapareceu e a Portugal Telecom praticamente fala francês, depois de a Oi ter vendido os seus ativos portugueses à Altice. O ano de 2014 foi traumático para muitos investidores. É certo que 2015 traz incerteza e até risco político em muitos países (Grécia, Espanha, Portugal incluídos). Mas, segundo especialistas, não é motivo para enterrar as poupanças no quintal. Há opções de investimento. Primeiro, há que perceber o ambiente que espera o investidor em 2015. Terá sucesso quem souber ter jogo de cintura para lidar com baixa inflação (ou deflação) na Zona Euro, forte queda dos preços do petróleo e intervenção diferenciada dos vários bancos centrais. Para já, o mundo estará em modo de três velocidades diferentes. Os Estados Unidos a crescer, a economia europeia estagnada e a China a abrandar. O Japão? Ainda não se sabe ao certo. Assim, também os vários bancos centrais estão a percorrer caminhos distintos. “Uma das tendências mais importantes para 2015 é a divergência radical entre os maiores bancos centrais, com a Reserva Federal (FED) a preparar-se para aumentar os juros em meados do ano, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão estão a injetar mais liquidez nas respetivas economias”, diz Steven Santos, gestor da XTB Portugal.
Carlos Almeida, diretor de investimentos do Banco Best, resume: “Em suma, 2015 será um ano atípico face aos últimos anos, na medida em que se espera, por um lado, maior divergência entre regiões e ativos e, por outro lado, maior dificuldade em encontrar investimentos com níveis de retorno esperado interessante.” Mas frisa que “mesmo com o cenário de aumento da volatilidade que poderá ocorrer durante 2015, a alternativa com menor risco apresenta-se ainda menos interessante numa lógica de médio prazo”. Apesar disso, como vem sendo habitual, o investimento mais adequado para os investidores particulares continua a ser os Certificados do Tesouro Poupança Mais, que oferecem uma taxa de juro que pode superar 5%. Mas e então? Aplica-se tudo em certificados? Os especialistas dizem que não. Essa é uma das regras de ouro que se mantém. Diversificar os investimentos é chave para o sucesso. Depósitos indexados podem ser uma alternativa. Mas tem de se ser criterioso. “Os depósitos indexados são particularmente interessantes para clientes que valorizam o facto de terem capital garantido e um juro mínimo, mas que podem ter uma remuneração superior em função da evolução de outros ativos (como ações e índices)”, recomenda o Banco Santander Totta. Os seguros financeiros são outra solução, tal como os fundos de investimento.
Para um investimento de curto prazo e com baixo risco, uma opção é um fundo de tesouraria.Outra alternativa a relativamente curto prazo e com baixo risco são os fundos de obrigações. Para quem estiver disposto a arriscar mais para tentar obter um maior retorno, uma outra alternativa é apostar em fundos de ações de várias geografias.
Também existem oportunidades nas Bolsas, inclusive no mercado acionista português. “As ações nacionais com uma política generosa na distribuição de dividendos devem ser privilegiadas pelos investidores à medida que a economia doméstica e os parceiros comerciais saem de um período de baixo crescimento económico e as empresas começam a libertar mais lucro”, diz Steven Santos, gestor da XTB Portugal. “Neste contexto, favoreço os CTT e a EDP.”
O que não é recomendável? Comprar ‘índices’, ou seja, investir num mercado ‘por atacado’. Antes, o que é aconselhado é escolher e selecionar ação a ação. “A Bolsa portuguesa está com um desconto de 30% face à Europa e aos Estados Unidos. Mas não recomendaria comprar o PSI. A Jerónimo Martins é uma história interessante a prazo, tal como a Galp e a Sonae”, defende João Pereira Leite, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
Este artigo é parte integrante da edição de janeiro da revista EXAME