As ESG Talks têm o apoio do novobanco
O caminho é lento, mas está a ser feito. As empresas estão mais despertas para as vantagens de terem equipas e lideranças diversas. Mas esse é apenas um primeiro passo, considerou Bethy Larsen, partner da PwC, num painel de debate sobre estratégias e inclusão das ESG Talks, uma iniciativa do novobanco em parceria com a VISÃO e a EXAME, com os knowledge Partners Nova SBE e PwC.
“A diversidade é algo óbvio e que, mais tarde ou mais cedo, terá de ser integrada nas empresas”, disse a especialista. E exemplificou: “As empresas mais diversas têm aumentado a sua competitividade e em Portugal não é diferente”. Mostrou-se, no entanto, preocupada com o que não está a ser feito sobre o incluir e os pluralismos. “Falta incluir e aceitar, ainda estamos no início”, defendeu. Então, por onde começar? “Nas lideranças e nos boards das empresas. Quem tiver essa preocupação estará sempre mais à frente”, garantiu a partner da PwC.
Sara Samssudin concorda e deu o exemplo da IKEA. A Country Project Leader for Equality, Diversity and Inclusion da empresa reconhece que pode demorar mais de 100 anos para que a organização represente de forma exata a sociedade nas várias diversidades que existem. A questão, sublinha, é “como é que aceleramos este movimento para representar a sociedade?” A possível resposta passa por “transformar o pensamento das nossas lideranças e equipas”.
A responsável da IKEA deixou um exemplo concreto sobre como se pode acelerar para se ter uma organização que reflita a sociedade: “Temos de trabalhar previamente com quem recruta, até porque há pessoas que não se candidatam e que têm potencial, mas por pensarem que não são selecionadas nem sequer se candidatam”. Uma das formas de resolver este problema passa por ter uma pool mais diversa, com parceiros diferentes do atual, para encontrar candidatos. “Vamos a associações e ONG e no nosso marketing e comunicação demonstramos este papel, temos grupos de embaixadores para cada uma das áreas e dedicados à inclusão e diversidade”.
“Trabalho há 24 anos na Novabase e há 24 anos não se falava em diversidade e inclusão”, referiu Marta Canário. A especialista em comunicação, paraplégica desde a adolescência, recordou a entrevista de recrutamento na tecnológica. “O tema da cadeira de rodas nem sequer foi um tema, nem entrou na conversa. Sou uma colaboradora igual às outras e não me sinto diferente”, disse.
Apesar de não sentir diferenças no local de trabalho, Marta Canário reconheceu que há obstáculos e que as soluções têm de vir também do Estado. “As empresas podem empregar pessoas com deficiência, mas a questão é como é que elas depois chegam ao local de trabalho. Os transportes públicos ou não estão preparados, ou quando estão preparados estão avariados, ou quando não estão avariados, o motorista não está sensibilizado”. E concluiu, alertando que ao longo da vida muitas pessoas terão problemas de mobilidade – seja pelo envelhecimento, doença, gravidez –, pedindo ao Estado que crie melhores leis e, sobretudo, que faça uma fiscalização adequada para não dificultar ainda mais a vida às pessoas com mobilidade reduzida.