“Estamos focados em gerir um parque que forneça felicidade e qualidade de vida para o quotidiano dos que aqui trabalham e frequentam o Parque”. As palavras de Eduardo Baptista Correia, CEO do Taguspark, em entrevista à VISÃO, sublinham as práticas cívicas e ambientais, bem como a promoção regular de concertos, o acolhimento de um mercado semanal de frescos ou a criação de um Museu de Arte Urbana nesta cidade do conhecimento. “Ambicionamos um espaço com economia pujante, distribuição de riqueza, bem-estar coletivo, civismo, dinâmicas associadas à tecnologia, às artes e ao desporto”. A intitulada ‘cidade do conhecimento’ começou, inclusivamente, a acolher eventos variados semanalmente, “para que os colaboradores possam usufruir do espaço fora do horário de trabalho e vivam o espírito de comunidade e interligação próprio do Taguspark”, justifica o responsável.
Fatores diferenciadores
Num cenário em que as previsões apontam para que, nos próximos anos, um número recorde de pessoas trabalhem em espaços de coworking e serviced offices, a capacidade de adaptação é encarada como trunfo. “A capacidade de readaptar edifícios existentes e de construir de raiz permite-nos adaptar a oferta às necessidades que nos chegam”, salienta. PHC, Miniclip e Novartis são exemplos de empresas com quem o parque empresarial construiu edifícios de raiz, cumprindo os requisitos específicos das organizações, no âmbito de “projetos em parceria, com o ocupante e uma equipa de arquitetos e engenheiros.” O Taguspark abriga uma incubadora de startups nas áreas das tecnologias de telecomunicações, novos modelos de transporte, saúde e ciências da vida, que conta com um “edifício próprio, com alguns serviços de apoio, onde se debate o desenvolvimento das organizações e a aproximação a ambientes mais internacionais”. Mas, para já, não conta com espaços de coworking: “Não sentimos a procura desses espaços”, diz o responsável.
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A era do trabalho híbrido
Melhoria da qualidade de vida, dos fluxos de transporte e da poluição ambiental são vantagens da redução das deslocações diárias ao escritório, na visão do responsável. Reconhecendo a adoção de modelos de trabalho híbridos como tendência, enfatiza a importância da interação cara a cara: “Somos seres sociais, a nossa necessidade de convivência faz-se também no local de trabalho e a construção da cultura organizacional faz-se através do convívio. Há uma necessidade de as pessoas se afastarem das suas casas para conviverem e debaterem em proximidade. Numa sociedade contemporânea, inovadora, com tecnologias à disposição, o modelo híbrido faz sentido.”
Construir comunidade
Num espaço de trabalho com 360 hectares, 160 empresas e 16 mil profissionais, há lugar para empresas nacionais e multinacionais, startups, centros de investigação e universidades. Agregar realidades tão distintas é um desafio superado através de “um pensamento estratégico atrativo”, mas também da comunicação, do “reconhecimento mútuo” e da “liderança pelo exemplo”, considera Eduardo Correia. “Chamámos representantes de todas as empresas e dissemos o que queríamos fazer, respondemos a perguntas, sugestões e reclamações, que encaramos como oportunidades para recuperar a confiança”, conta, referindo-se à política destinada a tornar o Taguspark o “parque mais cívico da Europa” (ver caixa). “Quando começámos, eu próprio chamava as pessoas à atenção e ia apanhar beatas. Só é possível atingir certos objetivos se todos dermos o nosso contributo”.
Efeitos da pandemia
Num ano em que o regresso ao trabalho representa também um retomar da presença habitual nos escritórios, o homem que lidera os destinos do maior parque empresarial português recusa qualquer efeito negativo da pandemia no negócio. “O nosso volume de negócios no primeiro semestre de 2021 foi substancialmente superior ao período homólogo em 2020. Não fosse o tema da restauração e do número de pessoas mais reduzido em circulação no Parque, não daríamos pelo impacto da pandemia”, diz. O feito é atribuído ao “processo de regeneração”, iniciado em 2018 e concluído no início de 2020, no sentido de modernizar o parque. “Passámos a ter uma oferta de edifícios adaptados ao século XXI, recuperando o posicionamento original como um dos locais de excelência para trabalhar”, justifica.
4 pilares
De que é feito o Parque Mais Cívico da Europa?
- Comportamental | Zero beatas, zero papéis no chão e zero automóveis mal-estacionados.
- Gestão de resíduos | Integração de projetos de economia circular. Por exemplo, as beatas recolhidas no Taguspark são matéria-prima de uma solução de tijolos para construção civil.
- Eficiência energética | Instalação de mais de 1566 painéis fotovoltaicos com objetivo de alcançar a independência energética da rede.
- Dignidade laboral | Acordo com as empresas prestadoras de serviços (manutenção, limpeza, jardinagem) para salário mínimo de 900€ a 1.200€ para colaboradores no Taguspark.