Há casamentos que fazem sentido, e o da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) com a Fundação Amália Rodrigues (FAR) é um deles. Foi no ano passado, quando se celebrava o centenário do nascimento da fadista, que as duas organizações se uniram. O objectivo da Santa Casa é simples: ajudar a preservar o património da fundação e torná-lo acessível a todos. O de Amália sempre foi claro: que o seu legado sirva para apoiar os mais desfavorecidos. Cruzam-se os interesses, unem-se os esforços.
A FAR foi fundada em Dezembro de 1999, pouco depois da morte da fadista. Seguindo os seus desejos, a fundação tem por base três pilares: transformar a casa em que Amália viveu num museu, distribuir 30% dos lucros pela Casa do Artista e pelo Centro de Saúde do Brejão (localidade onde tinha a sua casa de férias) e apoiar os desfavorecidos. A matemática é simples: quantas mais pessoas visitarem a Casa-Museu, maiores os lucros e maior a fatia reservada a ajudar os que mais precisam.
A SCML tem ajudado através da programação de visitas, por exemplo. Visitas que quer ajudar a expandir, criando condições de acessibilidade para pessoas de mobilidade reduzida. Algo que ainda não é possível por se tratar de um edifício pré-pombalino, que mantém a sua estrutura original e precisa, por isso, de uma reformulação. Para a Santa Casa esta parceria constitui uma oportunidade de apoiar e difundir um dos maiores bastiões da cultura portuguesa: o fado.
A FAR tem também contado com o patrocínio da Santa Casa para os diversos eventos que organiza, como foi o caso da exposição itinerante Bem-Vinda Sejas, Amália, ou da exposição Amália e os Média – Um Ensaio, sobre a importância dos média no percurso artístico da fadista. Para Outubro está já planeada a gala do centenário de Amália, que irá decorrer nos dias 4 e 7, no Coliseu do Porto e de Lisboa, respectivamente, e que contará com a participação de Cuca Roseta, Gonçalo Salgueiro, Joana Amendoeira, Katia Guerreiro e Ricardo Ribeiro.
As instituições estão também a desenvolver um programa de visitas guiadas e actividades dirigido a seniores – em particular, utentes da Santa Casa – que vai avançar em breve.
A Casa-Museu Amália Rodrigues está aberta ao público de terça a domingo, das 10h às 18h, e acolhe semanalmente, no jardim, ao ar livre, sessões de fado, sempre divulgadas nas redes sociais da FAR. Quem não conseguir participar numa dessas sessões, pode sempre passear pelo jardim e aproveitar a companhia do Chico, o papagaio de Amália, que ainda por cá canta… Aliás, assobia e diz “Bom dia!”.