Aqui está pois uma velha discussão na psiquiatria: serão as Perturbações da Personalidade doenças?

Como cidadão não perfilho de muitas ideias do Dr. António Gentil Martins e naturalmente achei mais uma vez um disparate que considerasse a homossexualidade uma anomalia. Mas a sanha persecutória e o linchamento público de que foi vítima não é aceitável

O aqui e o agora estão a infiltrar-se na nossa vida subjectiva, na nossa vida intersubjectiva, na nossa relação com o mundo

Os psicopatas são capazes de empatizar e induzir fortemente no outro a firme convicção que por ele têm compaixão. Este fenómeno da empatia do psicopata ou da simulação da compaixão aparece muito bem retratado no personagem “ Alex” (Malcom McDowell) do genial filme de Stanley Kubrick, Laranja Mecânica

Seja na promoção, seja na intervenção precoce, apesar de tudo há oportunidades preventivas que se podem implementar

O delírio é a essência da patologia mental dita psicótica ou, como os Pink Floyd nos legaram, o lado escuro da lua

Quando uma pessoa procura um médico traz consigo as queixas e também as preocupações associadas ao que tais queixas podem significar. “O que é que eu tenho? Será que é grave? Tem tratamento? Tem cura? O que me vai acontecer?”

A estigmatização não é exclusiva da pessoa com doença mental, estendendo-se aos psiquiatras, instituições psiquiátricas e a todos os agentes que trabalhem na área. É por isso que os consultórios psiquiátricos estão menos identificados

“Por mim, procurei mais a liberdade que o poder, e o poder somente porque, em parte, favorecia a liberdade. O que me interessava não era uma filosofia do homem livre (todos aqueles que se exercitam nisso me aborreceram) – mas uma técnica: queria encontrar a charneira em que a nossa vontade se articula ao destino, onde a disciplina secunda a natureza em vez de a refrear.” Marguerite Yourcenar in Memórias de Adriano

O paciente bipolar define uma contra atitude bipolar nos outros. Ora encanta, ora aborrece, ora se faz amar, ora desencadeia raiva

Para os doentes, famílias e sociedade a descoberta do bom tratamento será um salto civilizacional. Para todos nós será a possibilidade de viver mais tempo, sabendo no final da vida quem somos e quem fomos

Privar os seres humanos de uma forma activa, simples e barata de se sentirem melhores ou menos mal é um preconceito, para além de injusto e imoral. Espera-se que o caminho do amaldiçoamento dos antidepressivos não venha a ter como resultado mais um recuo civilizacional

Os Estados que não poderão pagar tudo a todos terão que decidir a que níveis subsidiarão tratamentos e fórmulas de prolongamento de vida

Como psiquiatra a subjectividade é o meu foco. Neste sentido não tenho dúvidas em afirmar a realidade da depressão que os meus pacientes me transmitem

Ainda bem que “Mein Kampf” voltou a ser editado e distribuído. A sua leitura crítica, que a maioria dos leitores fará, certamente permitirá consolidar a ideia da liberdade como projecto humano

É no corpo que se expressam estas crises mas como nos demonstrou António Damásio “sem corpo não há emoções”

Um psiquiatra tem de chegar ao eu interior e o ao mundo subjectivo do paciente