A distância oferece-nos, para uma boa variedade de situações, uma (às vezes falsa) sensação de segurança. Exatamente quanta segurança (a percecionada, pelo menos) depende da ameaça. Se o perigo for na forma de piolhos – que nos desculpem os leitores a referência, mas a praga parece andar aí em força nas escolas – qualquer afastamento é suficiente porque este não é bicho que salte. Não havendo contacto entre cabeças ou objetos “contaminados”, não há contágio. Mas se estivermos a falar de outras “maleitas”, cada vez há menos distâncias seguras. São os desafios ou modas virais na Internet, que chegam a pôr em risco a vida dos jovens em busca de likes e outros sinais de aprovação que tais, são as posições incendiárias, extremadas, odiosas e sem base nem sentido que se espalham pela mesma via, são as doenças, estas no sentido literal, que não conhecem fronteiras, como bem aprendemos todos noutra vida, naquele início do que viria a ser uma pandemia. Esse é, aliás, um bom exemplo de como não há distância que chegue para evitar certos males. Não falamos do distanciamento de dois metros que nos marcou as relações durante tanto tempo, mas sim da origem da Covid. A China. Estava tão longe a China! Era um problema deles. Em qualquer coisa como três meses passou a ser nosso.
Vão longas as considerações para falar de outra catástrofe: a guerra.