Bom dia, caros leitores e caras leitoras. Por fadiga de ofício, esta não será uma newsletter politicamente correta. Aliás, nem devia chamar-se newsletter, antes boletim noticioso – mas deixemos a parte idiomática para o final. Nos dias que correm, nada como uma boa desgraça para os orgãos de comunicação social terem mais audiência. Os jornalistas são os primeiros a saber que as más notícias rendem sempre mais que as outras. Vivemos num ambiente (tóxico) de emoções (primárias) e perceções (enganadoras), em que o mundo parece estar à beira do apocalipse. Os ingénuos, os otimistas e os académicos como Steven Pinker tentam convencer-nos do contrário, mas a verdade é que, por mais estatísticas e argumentos que nos apresentem, padecemos quase todos de ansiedade crónica, seja ela ambiental, política ou informativa. Sobre esta última convém dizer que os profissionais de media têm largas culpas no cartório. Mea culpa, mea culpa. Este vosso escriba já não tem idade, talento ou credenciais para abraçar novos projetos comunicacionais que façam vista grossa ou se aproveitem do que se passa na Cova da Moura, em São Bento, no Vale da Amoreira, em Gaza e em Cartum.
Por boas ou más razões, em Portugal, ainda ninguém quis apostar em algo parecido ao que fez o jornal italiano Corriere della Sera, em setembro de 2017: lançar um suplemento semanal intitulado Buone Notizie.