É a polémica do momento: a participação de Pedro Passos Coelho numa ação de campanha do líder do PSD – que é quem, na prática, está a puxar pela AD (Aliança Democrática). Só que se, até há poucas semanas, o ex-primeiro-ministro, que provou o sabor amargo de uma união inesperada à esquerda, em 2015, era visto como uma mais valia (se não a maior); agora, a sua presença em Faro parece ter armadilhado o caminho a Luís Montenegro.
Já em dezembro último, no Campus da Justiça, Passos Coelho criara forte embaraço ao presidente do PSD, que foi obrigado (a partir daí) a esclarecer constantemente o que era o seu “não é não”, quanto a um acordo pós-eleitoral com o Chega. Agora, deixou-o num cinto de forças, a começar pelo acenar da bandeira sobre a relação entre insegurança e imigração, tão usada pela direita populista e que os dados sobre a segurança interna nacional desmentem. A juntar a isso, e num momento em que o partido quase conseguiu dissociar-se de um passado de cortes troikianos e ganha fulgor nas sondagens, obrigou Montenegro a bater com a mão no peito, ontem, em sinal de juramento sobre as pensões e reformas dos portugueses.