Na próxima madrugada, assinala-se o segundo aniversário da invasão russa da Ucrânia. A “operação militar especial” para “desnazificar” o regime de Kiev continua sem fim à vista e convém recordar o que escreveu o politólogo Ivan Krastev, no New York Times, a 27 de fevereiro de 2022, sobre o Presidente da Rússia: “Vladimir Putin vive num mundo à parte. Agora vivemos todos no mundo de Vladimir Putin”. A maioria dos 35 mil habitantes de Villajoyosa, uma pacata cidade balnear da comunidade valenciana, em Espanha, só se deu conta disso há uma dúzia de dias. Um grupo indeterminado de indivíduos entrou num condomínio local, Residencial La Cala, e, na garagem, assassinou à queima roupa um residente eslavo. Baleada na cabeça e no peito, a vítima foi ainda atropelada pelos agressores. A viatura usada, que terá sido filmada por câmaras de videovigilância, apareceu depois, calcinada, a 25 quilómetros do local do crime.
Não se tratou de um homicídio qualquer porque foi executado por profissionais e teve como alvo Maxim Kuzminov, um piloto de helicópteros, de 29 anos, desertor da força aérea russa e principal protagonista da operação Synytsia, montada pelos serviços secretos ucranianos, no verão passado. A troco de meio milhão de dólares, o jovem oficial que chegou a sobrevoar Mariupol e Berdiansk aceitou entregar o seu aparelho ao inimigo, na expetativa de iniciar uma nova vida, num país da Europa Ocidental, com a família.
O seu cadáver está ainda no Instituto de Medicina Legal de Alicante e o Governo de Madrid, além das investigações da praxe, pediu explicações ao embaixador da Rússia e promete uma “resposta contundente”, caso se confirmem os indícios de envolvimento de agentes do SVR (informações externas) ou do GRU (espionagem militar).
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