Na sua mensagem de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa teve de se render à evidência e assumir que, como Presidente da República, tem um papel limitado no ciclo que se avizinha. O protagonismo ao longo de 2024 pertencerá, isso sim, aos eleitores: nas eleições de fevereiro, nos Açores; nas legislativas de março, para escolher um novo parlamento e uma solução governativa; e nas europeias de junho, porventura as mais decisivas de sempre para o futuro da União Europeia. E em relação a todos esses momentos, Marcelo fez questão de nomear quem tem, de facto, o poder de decisão, no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril: “Desde 1974, entre nós, é o povo – e só o povo – quem mais ordena, quem mais decide, a pensar no seu futuro, a pensar no futuro de Portugal”.
A citação de Zeca Afonso, numa das estrofes de Grândola, Vila Morena, não foi, naturalmente, por acaso. Ela justifica, no fundo, a decisão tomada por Marcelo após o pedido de demissão de António Costa: não nomear um novo chefe de Governo, como lhe sugeriu o primeiro-ministro demissionário, mas antes dissolver a Assembleia da República, convocar eleições e, dessa forma, entregar “a decisão ao povo”.
Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler