A partir de 1 de janeiro, os funcionários públicos têm um aumento garantido de 3% nos ordenados, valor acima da inflação prevista para 2024. Os ordenados mais baixos, até um valor inferior a cerca de 1800 euros, terão um aumento seguro de 52 euros e picos, tendo em conta que os 3% não garantiriam que chegassem a esse patamar. Também as pensões vão subir bem acima da inflação. E a aprovação do Orçamento do Estado, mesmo depois da apresentação da demissão de António Costa, mas garantida pela prorrogação da dissolução do Parlamento, uma decisão do Presidente Marcelo, permite que as modificações nas tabelas do IRS se façam sentir, também, beneficamente nas carteiras da maior parte dos eleitores. Com eleições marcadas apenas para 10 de março, ou seja, dois salários depois do início do ano, estas notícias não são boas para Luís Montenegro: o PS vai esfregar na cara dos eleitores estas “conquistas” no nível dos rendimentos, esperando que as falhas no SNS (para dar um exemplo…) sejam sentidas só pela minoria que fica doente ou tem familiares a precisar de cuidados hospitalares… Ou seja, se a isto juntarmos sondagens em que o PSD não arranca nem se coloca definitivamente à frente do PS, as notícias da mudança de ciclo são manifestamente exageradas. A expectável presença de António Costa na campanha, um primeiro-ministro em gestão que, afinal, não foi assim tão afetado pela operação Influencer – e que até pode dar-se ao luxo de se apresentar como vítima… -, bem como a incerteza gerada pela ameaça do Chega, que diz que não deixará passar um governo do PSD que não o inclua, são outras ajudas ao argumentário do PS, que não deixará de agitar, como em 2022, o “papão da extrema-direita”.
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