Durante décadas, a sessão anual da Assembleia Geral (AG) das Nações Unidas era sinónimo de reuniões de alto nível e de intermináveis filas de espera nas ruas e nas lojas de luxo de Nova Iorque. Os Presidentes e os primeiros-ministros faziam de conta que estavam a resolver os males globais e os respectivos acompanhantes, em particular as primeiras damas, dedicavam-se a tarefas filantrópicas e consumistas. Na 78º sessão que ontem se iniciou na Grande Maçã, o ambiente era diferente e bem mais grave. O enviado especial do britânico Telegraph, Francis Dearnley, nas redes sociais, falou em “anarquia” e “confusão” nos acessos e corredores devido à presença do mais mediático dos políticos aí presentes: Volodymyr Zelensky. O líder ucraniano participou pela primeira vez, de forma presencial, numa AG e conseguiu o que queria. Tempo de antena e muitas atenções: “Temos de nos unir para agir, para derrotar o agressor [a Rússia] e concentrar todas as nossas capacidades e energia na resposta a estes desafios (…) Em cada década, a Rússia inicia uma nova guerra. Muitos dos lugares desta sala podem ficar vazios se a Rússia for bem sucedida com estes atos de traição e agressão”.
Durante o dia de hoje, o antigo ator deverá reunir-se com vários congressistas, de modo a garantir novos apoios bélicos a Kiev, e é provável que se encontre finalmente com Lula da Silva, o seu homólogo brasileiro, graças aos bons ofícios da Casa Branca e de Joe Biden. A confirmar-se essa reunião, Lula ganharia um protagonismo adicional e poderia dizer que o seu país tem todas as condições para intermediar as rivalidades entre o Ocidente e o Sul Global. Marcelo Rebelo de Sousa, deu um parco contributo para tal objetivo, ao defender, em plena tribuna, que India e Brasil merecem um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU.
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