A semana decorre sob o signo da discussão em torno do Orçamento de Estado para 2023, apresentado, esta segunda-feira, pelo ministro das Finanças, Fernando Medina. No final, o ministro agradeceu à equipa das Finanças todo o trabalho realizado para entregar o Orçamento a tempo, e a equipa terá dito: “Nós é que estamos agradecidos, por termos podido ir dormir a casa!”. Com efeito, pela primeira vez, em muitos anos – desde que há memória, em democracia?…. – o Ministério das Finanças não prolongou até ao último segundo, para as 24 horas do dia D, ou para além do prazo, a entrega do documento. E casos houve, já no tempo do simplex tecnológico, em que a pen foi entregue… vazia! Desta vez, a pen, devidamente preenchida, foi entregue logo às 13 horas, com tempo para a habitual conferência de imprensa para depois de almoço. Na verdade, tudo está relacionado com o processo de decisão: no fim-de-semana imediatamente anterior à segunda-feira da entrega, o Conselho de Ministros costuma reunir-se, entrando, quase sempre, alterações de última hora, que terão de ser acomodadas num documento que já se pretenderia encerrado. Sucede que, desta vez, tudo começara a ficar decidido a meio da semana, quando o Governo percebeu que iria fechar um acordo de rendimentos de médio prazo, no quadro da concertação social. A partir daí, Medina teria o Orçamento aprovado pelos seus pares, sem quaisquer objeções posteriores do Conselho. Ninguém sabe se este orçamento terá, mesmo, as “contas certas” – elas divergem, por exemplo do quadro macroeconómico, mais pessimista, desenhado pelo FMI para Portugal e apresentado ontem ( nada que assuste o Presidente Marcelo…). Mas foi, sem sombra de dúvida, o Orçamento das “horas certas”.
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