Citando, de forma “bastante livre”, o discurso do capitão Salgueiro Maia, aos seus instruendos, à partida de Santarém para Lisboa, na madrugada do 25 de Abril de 1974, “há vários tipos de Estado: o estado de emergência, o estado de calamidade e o estado a que isto chegou”. Bom, e segundo Mariana Vieira da Silva, a primeira-ministra em exercício (cobrindo férias coincidentes dos mais graduados na hierarquia do Governo, António Costa, Pedro Siza Vieira e Augusto Santos Silva), “isto” chegou… ao “estado de contingência”, o mais leve dos “estados” de exceção. Enquanto foi “novidade”, o “bicho” fechou o País. Depois, só abriria completamente se e quando atingíssemos imunidade de grupo. Mas a Covid-19 deixou de ser novidade, ficou mais domável, por efeito das vacinas. O “bicho” reagiu, adquiriu novas formas – está aí a variante Delta – mas mesmo tornando mais difícil, ou até impossível, que se atinja a tal imunidade, nunca mais foi o mesmo. A vacina tornou-o menos perigoso e retirou-lhe potencial de letalidade. É o estado a que – por enquanto… – o vírus chegou.
Justamente aplaudido, no fim-de-semana seguinte àquele em que tinha sido alvo de incompreensíveis apupos, o coordenador do programa de vacinação, vice-almirante Gouveia e Melo, não esteve com meias palavras: “Portugal está a dar uma lição ao mundo”. Vinda de quem vem – uma personalidade fria e contida -, esta frase tem mais peso: o nosso País subiu para o topo, a nível mundial, entre as nações com mais pessoas inteiramente vacinadas, por percentagem da população. Este feito ainda não teve o devido reconhecimento, nem nacional, nem internacional – mas os compêndios do futuro irão tratá-lo como “um caso de estudo”. Até agora, por exmplo, mais de 150 mil jovens entre os 12 e os 15 anos foram vacinados. E é neste quadro de 70% da população inteiramente vacinada que, a partir de hoje, mudam as regras. Com o País no planalto da infeção por Covid-19, os portugueses acordam, esta segunda-feira, para a segunda fase do levantamento de regras restritivas.