A história de Maria da Conceição está repleta de altos e baixos, tal e qual a montanha do Evereste, que escalou em 2013, tornando-se na primeira portuguesa a conseguir a proeza.
Na altura, o objetivo era angariar um milhão de dólares (cerca de 800 mil euros) para a Fundação Maria Cristina, que criou para homenagear a mãe adotiva e apoiar crianças carenciadas do Bangladesh. Chegou a um dos topos do mundo, mas não conseguiu angariar a quantia total. Desistir não era uma opção.
No mês de fevereiro, Maria da Conceição, com 37 anos, correu sete maratonas, em sete continentes, durante sete dias. Sempre com o objetivo de angariar dinheiro para a fundação e alertar para a importância de quebrar os ciclos de pobreza.
“Todos sabemos que há pobreza, mas o que é que fazemos? Ignoramos. Mas eu quando tive de passar 24 horas num país de terceiro mundo, a ver, sentir, ouvir e cheirar a pobreza, não pude ignorar, não pude virar as costas”, contou a atleta, referindo-se ao impacto que a sua visita a Daca (Bangladesh), há dez anos, teve na sua filosofia de vida. Na época, era hospedeira de bordo da companhia Emirates, do Dubai, o país onde vive.
Começou por ajudar 39 crianças de um bairro desfavorecido do Bangladesh a irem para a escola, mas as dificuldades de financiamento impediam-na de ir mais longe. Para facilitar a angariação de fundos e a agilização dos projetos, criou uma fundação há cinco anos.
“Chamei à Fundação Maria Cristina para agradecer e em homenagem ao que a Cristina fez por mim [a mão adotiva]. Era uma viúva, fazia limpezas, tinha seis filhos e ainda deu casa e comida a uma sétima criança”, contou à agência Lusa.
A perda mãe adotiva quando tinha 10 anos foi outro dos seus ‘baixos’, mas o sonho de tirar cem famílias do Bangladesh com a ajuda da organização será mais um momento alto.
“Algumas crianças que tinham 12 anos quando ocmeçámos a tomar conta delas saíram das favelas de Daca e já estão a trabalhar [na companhia aérea Emirates] e a tomar conta das famílias”, revela, orgulhosa.
O próximo desafio de Maria da Conceição é a Ironman, um triatlo de longa duração em que vai participar em agosto. A prova inclui 3,8 quilómetros de natação, 180 quilómetros de bicicleta e uma maratona de 42 quilómetros. O problema é que a atleta não sabe nadar, nem andar de bicicleta… Mas isso não a desmotiva e já está a treinar para angariar mais fundos para a fundação. O objetivo é conseguir financiar a educação das crianças até ao 12.º ano.
Maria da Conceição conta sua história no livro ‘Uma Mulher no Topo do Mundo’ (Bertrand Editora), mas há mais capítulos a serem escritos: “Espero pelo menos inspirar as pessoas a batalharem pelos seus sonhos”.