Nos próximos tempos, os Lotus Fever têm muito que fazer: 17 canções, nem mais nem menos, para compor e gravar. Uma das contrapartidas prometidas no seu apelo de crowdfunding (na plataforma PPL, no final do ano passado) era exatamente esse: oferecer uma canção personalizada a quem doasse mais de 100 euros para os ajudar a gravar o álbum de estreia.
Essas 17 pessoas podiam dar diretrizes (tema da letra, instrumentos utilizados, estilo…) sobre a canção personalizada que o grupo constituído por Pedro Zuzarte, Manuel Siqueira, Bernardo Afonso e Diogo Teixeira de Abreu (entre os 18 e os 23 anos) prometia gravar, propositadamente, para si.
O ano de 2013 aproximava-se das suas últimas horas e os Lotus Fever ainda não tinham acumulado os cinco mil euros pedidos. O prazo (que é obrigatório definir para o crowdfunding) terminava exatamente na passagem de ano e os músicos começavam a desanimar. Mas, como acontece muitas vezes em Portugal, é na reta final que muitas das doações são feitas e os Lotus Fever entraram em 2014 com a motivação em alta para irem para estúdio e criarem o disco Search for Meaning, já disponível. Foi o amigo (e manager) Ricardo Ribeiro que lhes sugeriu a ideia do crowdfunding, entusiasmando-os com a história de Amanda Palmer (ex-vocalista dos Dresden Dolls) que, em 2012, nos EUA, conseguiu 1,2 milhões de dólares (doze vezes mais do que os cem mil que tinha solicitado) com este método, para investir num novo disco. Seria possível em Portugal? A experiência dos Lotus Fever, mesmo com um angustiante sprint final, respondeu-lhes afirmativamente.
A escala de valores envolvidos não tem comparação mas a sensação de missão cumprida não se mede em dólares nem euros.