Sem qualquer truque de maquilhagem, iluminação profissional ou tratamento de imagem (photoshop), 98 mulheres foram fotografadas nuas ou de cuecas, de frente, de costas, de lado, de rabo para o ar, em cadeira de rodas, de muletas, grávidas ou dando colo a um bebé. No projeto fotográfico online Expose (www.theexposeproject.com), as mulheres não são gordas ou magras, nem feias ou bonitas. São apenas mulheres com corpos imperfeitos, segundo os cânones de beleza, ditados por tendências e produções de moda ou anúncios de TV. Mas essas imperfeições representam 95% da realidade.
Uma realidade feita de marcas na pele, mamas descaídas, mamilos assimétricos, cicatrizes de cesarianas, barrigas com gordura, nádegas com celulite, estrias, refegos e rugas.
A ideia de pôr tudo a nu foi da bloguer Jes Baker e da fotógrafa Liora K. Em 2013, através do Facebook, lançaram o desafio e recrutaram 68 voluntárias para uma sessão fotográfica. “Todas estas mulheres tinham algo a ganhar com a experiência: foi um teste à sua autoconfiança. Quiseram desafiar todo este tempo em que lhes disseram que os seus corpos não eram adequados às câmaras”, explicam as mentoras do projeto.
Já este ano, fizeram mais duas sessões na cidade de Tucson (Arizona, EUA), chegando às 98 modelos de todas as formas, tamanhos, cores e idades. Estas mulheres “despiram-se porque queriam revelar as suas curvas e ângulos, os sorrisos, a firmeza ou a flacidez, a força e o medo… Queriam mostrar a outras pessoas que não estão sozinhas no que diz respeito à sua forma física”. E não estão mesmo. Uma das 12 modelos escolhidas para o próximo calendário Pirelli, a ser lançado em novembro, mede 96,52 centímetros de busto, 83,82 de cintura e as ancas ultrapassam os 110. “A minha presença nesta sessão, a mais glamourosa do mundo, é sinal de que algo está a mudar na moda”, disse Candice Huffine, 29 anos, em entrevista à edição italiana da Vanity Fair, do alto do seu 1,80 m e dos 90 quilos de peso.