Em São Tomé e Príncipe, num cenário idílico e onde me invadia um misto de emoções, em que a mente me levava aos tempos do apogeu do império e das conquistas Portuguesas, mas os meus olhos teimavam em guiar-me para a dura realidade de edifícios majestosos em ruínas, habitados por gente pobre e com pouca determinação no futuro, deparei-me com uma frase simples, mas simultaneamente profunda.
Escancarada, numa parede meia caída, do antigo hospital da roça Agostinho Neto, estava escrito, numa extremidade, em letras borratadas pelo passar vagaroso do tempo: “As palavras convencem, mas um exemplo arrasta a multidão”. Como de costume as analogias ou citações, conseguem trazer-nos uma identificação imediata, traduzindo um sentido prático a inúmeras situações das nossas vidas.
Nessa ocasião, olhei para o lado e vi que o exemplo ali deixado não foi suficiente para mudar a realidade, mas lembrei-me que talvez tivesse faltado quem tivesse replicado os bons exemplos, onde a multidão certamente acudiria.
Estou convencido de que a aprendizagem pelo exemplo faz parte da antropologia, que, de geração em geração e ao longo de milhares de anos, o homem tentou sempre copiar os bons exemplos, numa lógica de retirar ou reduzir os erros sucessivamente, de forma a inovar e melhorar cada vez mais. Suponho que ainda hoje, continua a ser este o caminho… E as organizações sociais são sem dúvida o melhor modo de demonstração do que falo. Focando problemas negligenciados que deveriam ser prioridades, mostrando através do exemplo, quase sempre determinado e irredutível, que é possível fazer mais e fazer diferente, encontrando e adequando soluções, que podem e devem ser replicadas.
Compete aos líderes que sejam estimuladores de exemplos e de boas práticas, ainda que sejam meramente simbólicos. E aí, vemos como a simplicidade do exemplo funciona!
O que não comove as multidões quando simples homens como Mário Bergoglio, que a prestigiada Time considerou de “Papa Fenómeno“, lava e beija os pés dos descapacitados ou como o ministro Britânico dos transportes se desloca diariamente de metro?
É preciso que os líderes e agentes de decisão estejam cada vez mais atentos aos exemplos dos projetos e das organizações sociais. Exemplos que nascem da sociedade civil, que saem de baixo e por vezes são singulares, que rompem tendências e mostram um caminho que pode ser seguido e poderá ser replicado.
É este, forte poder do exemplo que devemos enaltecer e divulgar, porque dar o exemplo não é só a melhor maneira de influenciar os outros, mas é a única!