Tenho 26 anos, ultimamente, sinto-me sempre cansada, no fim do dia de trabalho só tenho vontade de dormir, fechar-me em casa e não sair, o mesmo acontece ao fim de semana.
Ando bastante stressada sem razões aparentes, tudo me stressa, não me consigo concentrar no meu trabalho e já todos se queixam da falta do meu humor.
Por vezes sinto umas “picadas” no peito, ao qual nunca liguei, será normal?
Começo a ficar preocupada, deverei procurar um médico?
A falta de motivação para socializar, as quebras de concentração e as picadas no peito sugerem que alguma coisa na sua rotina diária merece vigilância. Trata-se de uma reacção comum, que surge na sequência de oscilações internas, por razões diversas (variações no regime alimentar, no padrão de sono ou após esforços mentais ou físicos nas semanas anteriores), a que se somam, por vezes, preocupações (algo que corre menos bem ou que não está a correr conforme o esperado, gerando frustração, mesmo que não o note conscientemente).
Não posso deixar de recomendar que procure um médico de clinica geral e faça um exame de rotina (desconheço há quanto tempo não o faz) para despistar eventuais problemas de saúde e ficar mais descansada. Voltando aos sintomas referidos (alterações de comportamento e mal estar físico), e uma vez que não tenho dados acerca das circunstâncias associadas (contingências laborais, mudanças no lar, no círculo de amigos e familiares, alterações hormonais, só para citar alguns exemplos), aproveito perguntar se já se questionou acerca do que pode estar a dizer-lhe o desejo involuntário de recolhimento.
As flutuações de humor e o isolamento podem reflectir apenas a necessidade de reordenar prioridades na sua vida. Aos 26 anos, é natural que comece a fazer alguns balanços acerca da maneira de conduzir-se na relação consigo e com os outros. Talvez venha a chegar à conclusão de que aquilo que lhe bastava até agora (em termos de metas, afetos ou actividades) pode estar a atingir o fim de um ciclo. Nesse caso, é necessário encontrar novos caminhos, o que explica, possivelmente, essa “paragem”, ainda que não estivesse nos seus planos.
“Andar stressada” não é bom nem mau. Apenas merece da sua parte uma avaliação interna e ter na base um apelo de “arrumar a casa”, sem refugiar-se apenas no sono ou na inactividade quando está consigo mesma, à espera que passe. Apesar de os quadros depressivos poderem ter sintomas semelhantes aos descritos, tal não implica que esteja com uma depressão clínica. O exame médico e a possibilidade de encarar sem rodeios o que pode não estar a bater certo neste momento da sua vida, seja abrindo-se com uma pessoa da sua confiança – amigo próximo ou um psicólogo – facilitará, certamente, a solução que procura. Em última análise, a resposta está sempre em si.