Saberão os mais entusiastas por estas matérias que o GRACE sustentou a sua constituição numa análise das opiniões de decisores portugueses sobre a prática da responsabilidade social à data desenvolvida nas organizações nacionais. Volvidos treze anos, é muito grato constatar que a conclusão de então – “em Portugal não há ninguém que afirme ouvir um apelo à cidadania empresarial” – assume hoje uma consciência de que não apenas pessoas, planeta e proveitos são parte importante do bottom line mas que, se não encaramos a cultura de forma muito séria e, sobretudo, muito consequente, todo o modelo de negócio poderá estar em causa.
Dissequemos então o termo cultura. Arte, cinema, música, dança, literatura, monumentos? Nada mais redutor. E que tal conhecimento, crenças, arte, moral, lei, costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo Homem enquanto membro da sociedade?
É que não nos podemos esquecer que a cultura tem o poder de promover a educação, estruturar comportamentos, fortalecer identidades e reforçar a coesão social. É de resto a constatação desta realidade que identifica na cultura um forte vetor da sustentabilidade empresarial.
Olhar para o Futuro – Uma nova reflexão sobre responsabilidade social corporativa é o grande mote do estudo recentemente produzido em Portugal por organizações empresariais do universo GRACE e lançado no final do mês de maio, que catapultou a responsabilidade cultural para a linha da frente das estratégias corporativas.
Num processo de criação desenvolvido ao longo de 10 meses por entidades que no dia-a-dia se movem na mesma área de negócio confirmou-se que, em responsabilidade social, as fronteiras da competitividade se esvanecem e que é possível desenvolver diplomacia, colocar no mesmo prato da balança metodologia e técnicas de negociação e que, num cenário de respeito e de clara noção de deveres e de direitos, é possível fazer convergir empenhos capazes de produzirem verdadeiras ferramentas de suporte à decisão.
Este Estudo é de tudo isto um bom paradigma. E é, seguramente, matéria para novo repto a quem tem poderes para desenhar estratégias e, sobretudo, decidir.
Neste contexto, é pois chegada a hora de perguntar aos nossos decisores se não estarão dispostos a investir nesta oportunidade inigualável de operarem mudanças de atitudes, mentalidades e comportamentos, que lhes confira um papel tão interventivo quanto determinante na mudança cultural com impacto nos resultados de negócio.
E aí, sim, teremos o tecido empresarial a assumir-se como contributo definitivo para o sucesso dos negócios… leia-se sustentabilidade… numa sociedade com futuro.