Na vida aprendi que, em quase tudo, há duas faces, uma positiva e o seu contraditório. A velhice é um exemplo. Por um lado é maravilhoso continuarmos a viver, por outro, é um caminho mais exigente onde se avolumam as recordações de um passado com outra força e capacidades. Na minha actividade de professor e investigador estou em permanente contacto com os mais jovens e é um privilégio conhecer as suas ideias, preocupações e soluções. O encontro de gerações favorece a solidariedade inter-geracional que considero essencial para assegurar a qualidade do nosso futuro comum.
Agora que me jubilei sinto-me mais livre e capaz de usufruir de um dia em que não vou à Universidade e faço o que me apetece, que é, essencialmente, pensar, escrever, ocasionalmente pintar, o meu hobby, e passear (sobretudo no nosso país que tem sítios e paisagens maravilhosas). Ser jovem, ser adulto e depois envelhecer e morrer faz parte do enigma do tempo que atrai o meu pensamento mas que não consigo decifrar completamente.
O segredo de uma vida longa é mantermo-nos activos, curiosos e criativos. Vivo sempre fascinado pelo que se passa à minha volta e no mundo, dominado pelo desafio de tentar compreender e intervir, mesmo que tal represente uma contribuição insignificante.