Numa conversa entre amigos, colocava-se há dias a questão: será mesmo que as empresas estão a trabalhar bem a responsabilidade social ou estamos, apenas e ainda, em tempos de caridade e filantropia?
Pois bem, longe vão os tempos em que se acreditava que o mecenato era a solução para muitos dos problemas corporativos e sociais. Não esqueçamos da dificuldade subjacente à medição do impacto de uma doação. E depois, tirar uma nota do bolso e entregar na mão de alguém é um gesto fácil e rápido demais para os gestores empresariais que sabem cada vez mais o que não querem e o que não podem. Eles gostam, também porque precisam, de desafios e objetivos que só se alcançam com uma estratégia. E neste plano de ação, a filantropia quase se resignou.
No entanto, atenção, longe de mim afirmar que deixemos de investir na sociedade. O que eu gostaria de deixar bem claro é que a responsabilidade social empresarial vai bem para além da mera filantropia. Perguntam-se porquê? Então, nada melhor do que relembrarmos o que é isto da Responsabilidade Social.
Pois bem, é “só” a ferramenta que as empresas utilizam para atingir o desenvolvimento sustentável. E este “só” é mesmo irónico, pois o que está em causa é nada mais nada menos que o assegurar das necessidades das gerações futuras. Necessidades essas, que vão bem para além das práticas filantrópicas, e as empresas sabem-no.
Prova disso é a evolução das preocupações dos gestores, que já deixaram de residir apenas no eixo acionista. Há claramente uma mudança no paradigma de gestão e outra coisa não seria de esperar, já que o julgamento da opinião pública é implacável, faz-se no dia-a-dia, e a licença para operar, essa, é demasiado importante para se deitar a perder.
A gestão responsável é cada vez mais um imperativo e as empresas estão conscientes de que o desenvolvimento e a sobrevivência andam de mãos dadas com a capacidade de gerar valor para as sociedades que as servem.
Posto isto, o desafio já não consiste em passar de filantropia para responsabilidade social, o desafio está agora em aumentarmos o alinhamento das estratégias de responsabilidade social com as estratégias de negócio. Pois só assim, meu caro leitor, conseguiremos fazer bem, o bem.