Algures entre o final da década de 1920 e o início da de 1930, o então primeiro-tenente da Marinha Alfredo Motta (que chegaria a contra-almirante) encontrou a inspiração para um projeto de uma vida. Ficou encantado com um volume luxuosamente encadernado, editado, em 1898, pela Academia Real de Ciências, em que as 1 102 estrofes dos X Cantos de Os Lusíadas, de Luís de Camões, foram manuscritas por 1 098 individualidades “emblemáticas” da sociedade portuguesa na altura, como lhes chamava.
“Lembrei-me de, com personalidades da nossa época, reviver, escrita à mão, a imortal obra de Camões”, contava o contra-almirante Alfredo Motta numa entrevista que deu à Revista da Armada, em 1981. “Todas as pessoas a quem pedi colaboração acederam (…), e fizeram-no sem preocupações de precedências (…), aceitando de boa mente a estância [estrofe] que lhes foi indicada reproduzir”, acrescentava.
