Um novo estudo realizado pela DECO PROteste revela que o nível de satisfação dos portugueses com os cuidados de saúde prestados pelo médico de família tem vindo a evoluir significativamente nos últimos 25 anos. De acordo o inquérito da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, conduzido entre junho e julho de 2024, o nível de satisfação dos utentes com os cuidados prestados pelo profissional aumentou de 6,6 para 8 pontos – numa escala de 0 a 10.
No entanto, o estudo nota que os tempos de espera para às consultas continuam a ser “preocupantes”. Com mais de 6 mil participantes envolvidos no inquérito, foi possível verificar que mais de metade dos utentes têm de esperar, pelo menos, um mês para ter acesso a consultas não urgentes com o médico de família. Já em 30% dos casos, a espera ultrapassa os dois meses, um agravamento face a 2019, quando apenas 31% das consultas registavam esperas superiores a um mês. O inquérito revelou ainda que 16% dos portugueses não possui médico de família, números que vão ao encontro aos dados oficiais.
Durante o período analisado registaram-se também dificuldades na procura pelas urgências, com apenas 34% dos inquiridos a contactar a linha SNS 24 antes de recorrerem a este serviço. Cerca de 64% dos inquiridos dirigiram-se diretamente aos hospitais públicos – dos quais 46% por indisponibilidades dos centros de saúde; 30% por estarem fechados e 24% por funcionarem num horário muito limitado. Ademais, apesar de o tempo médio de triagem nas urgências hospitalares se situar nos 14 minutos, o tempo total até à alta hospitalar ronda as três horas e 45 minutos.
Já no que diz respeito à satisfação global com o serviço, é possível observar que o Grande Porto V – Porto Ocidental, Cávado I – Braga, e Matosinhos foram os ACES – Agrupamentos de Centros de Saúde – que registaram um nível de satisfação mais elevado. Os agrupamentos de Lezíria (Santarém e região), Arrábida (Setúbal e região), Arco Ribeirinho (Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo), Guarda, Sintra, Baixo Alentejo, Alto Trás-os-Montes I – Nordeste e Pinhal Litoral (Leiria e região) tiveram um nível de satisfação mais baixo.
A associação apela à adoção de medidas urgentes para combater os longos tempos de espera e à concretização de “estratégias que garantam o acesso a cuidados de saúde primários a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica”, defendeu Nuno Figueiredo, porta-voz na área da Saúde da DECO PROteste, salientando a importância da valorização dos profissionais de saúde, aumento dos recursos humanos e a implementação de modelos de trabalho em equipa. “Não se compreende por que razão Portugal ocupa a quarta pior posição na OCDE em indicadores relacionados com a prevenção”, acrescentou.