Pelo real decreto de 1783, assinado por D. Maria I, Portugal reconhecia a independência dos Estados Unidos da América. A nossa era uma das três primeiras nações, juntamente com a França e os Países Baixos, a reconhecer a federação criada, unilateralmente, sete anos antes, por um grupo de patriotas a que se convencionou chamar de “Os Pais Fundadores”. Quase dois séculos e meio depois, o regresso de Donald Trump à Casa Branca parece colocar em causa o pilar atlântico que, desde a I Guerra Mundial e, sobretudo, desde a Segunda, une os destinos da Europa Ocidental aos da América. O desafio diplomático e estratégico passa, também, pelos laços bilaterais, muito anteriores às alianças firmadas, no século XX, no âmbito da Guerra Fria. Esta semana, ao receber o secretário-geral da NATO, o holandês Mark Rutte, em Lisboa, o primeiro-ministro Luís Montenegro foi muito cauteloso na referência aos EUA – o principal esteio da Aliança Atlântica, posta agora, em causa, pela emergência de Trump. Salvaguardando o protagonismo europeu, Montenegro frisou que “temos todo o interesse em estreitar relações com os Estados Unidos da América e em conformar a nossa estratégica com a estratégia NATO como um todo, o que envolve também os EUA”. E Portugal é um dos países que melhor o pode fazer: na presidência do Conselho Europeu mora, também, um português, António Costa, conhecido pela sua capacidade negocial e pela vocação do compromisso. Até que ponto as relações entre Portugal e os EUA, consideradas por todas as fontes ouvidas pela VISÃO como “exemplares”, poderão representar um papel no novo panorama geopolítico? Nestas páginas, faremos um exercício de memória, revisitando cinco momentos fundamentais da relação transatlântica. Que muito poderão explicar uma cumplicidade que, com altos e baixos, já leva dois séculos e meio.
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MOMENTO UM
OS PIONEIROS DOS PRIMEIROS ANOS