Após um longo processo na justiça norte-americana, o TikTok pode estar mesmo de saída dos Estados Unidos. O Supremo Tribunal deverá anunciar já na próxima segunda-feira, dia 19 de janeiro, a sua decisão sobre a proibição da aplicação de vídeo, detida pela empresa chinesa ByteDance, na sequência de ameaças à segurança nacional do País.
O processo foi instaurado em 2024 e assinado pelo ainda presidente norte-americano Joe Biden em abril do mesmo ano. O órgão supremo dos Estados Unidos considera o facto de a empresa-mãe do TikTok ser chinesa “um risco à segurança nacional” por “recolher dados de utilizadores e promover propaganda” aos cidadãos norte-americanos e exige que as suas operações sejam vendidas a empresas locais para continuar em funcionamento no país.
No entanto, e enquanto a decisão não é tornada pública a decisão do Supremo Tribunal, vários utilizadores norte-americanos já começaram a despedir-se do TikTok e a procurar por alternativas à plataforma de vídeo como, por exemplo, as aplicações Lemon8 (também detida pela ByteDance), Flipp a Clapper. A maior alternativa até ao momento é, contudo, também uma aplicação chinesa – denominada de RedNote – que, de acordo com a agência Reuters, ganhou mais de meio milhão de utilizadores nos últimos dias tornando-se na aplicação mais descarregada nos EUA pela App Store da Apple e Google Play store. Para além disso, a hashtag “#TikTokrefugee” tornou-se a mais procurada na aplicação.
O que é a RedNote, ou “Livrinho Vermelho”, em português?
Lançada oficialmente em 2013, a plataforma chinesa, com sede em Xangai, foi cofundada por Miranda Qu, atual presidente, e Charlwin Mao, o CEO, com o objetivo de ajudar turistas chineses a encontrarem recomendações fora do país. O seu nome original, “XiaohongShu” (“Livrinho Vermelho”, em português), é referência à coletânea de citações de Mao Tsetung.
Com uma configuração que combina os diferentes formatos – vídeos, fotos ou texto – na sua página inicial, a aplicação assemelha-se bastante às aplicações da Meta, Instagram e Pinterest, e o seu “Feed Discover”, tem uma experiência de utilização muito semelhante ao TikTok. Para além da partilha de fotografias e vídeos, a app permite ainda fazer chamadas, livestreams (vídeos em direto) e realizar compras, estando muito ligada ao comércio eletrónico chinês.
Mas umas das características que a mais distinguem do TikTok ou do Reels do Instagram é a forma de funcionamento do algoritmo de conteúdos, centrado nos interesses dos seus utilizadores e não nas pessoas que estes seguem. De acordo com a Xingyin Information Technology, empresa que detém a aplicação, a RedNote conta com cerca de 300 milhões de utilizadores – na sua vasta maioria chineses – dos quais quase 80% são mulheres.
Esta aplicação tem servido sobretudo de alternativa a pessoas que não querem utilizar o maior rival do TikTok, o Instagram Reels da Meta, especialmente após o anúncio de Zuckerberg em terminar com o programa de verificação de factos, não só nesta aplicação, como também no Facebook ou Threads.
A chegada de vários norte-americanos à aplicação tem resultado numa série de memes e piadas sobre a situação à medida que os novos utilizadores vão começando a compreender o funcionamento da app. Para ajudar a ambientação dos recém chegados foi criada a #TikTokrefugees (em português, “refugiados do TikTok”) . Pela rede social multiplicam-se as conversas e partilhas e conversas entre utilizadores de ambos os países, que partilham dicas para a utilização da app.