As “anedotas” que arrancam gargalhadas aos guardas prisionais, dispostos em círculo, não têm como protagonistas “um inglês, um francês e um português”. Muitas vezes, os personagens principais são estes homens e mulheres, profissionais com décadas de carreira, ou jovens com apenas meia dúzia de anos de farda. Todos, sem exceção, guardam na memória episódios inusitados que já viveram no interior das cadeias. As vozes atropelam-se, participando num guião cómico-trágico. Numa fase de luta da classe – que reclama dos baixos salários e da falta de segurança, mas também da insuficiência de pessoal e das más condições das cadeias –, o desfiar destas recordações tira uma fotografia real ao sistema prisional português.
Dias depois de quase duas centenas de guardas prisionais se terem reunido à porta do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus – numa ação de solidariedade com os colegas daquela prisão, um mês depois da fuga de cinco reclusos –, a VISÃO recolheu histórias vividas para lá dos muros. O tema não é para rir, mas as piadas fazem-se sozinhas.