A defesa de Ricardo Salgado pediu ao Juízo Central Criminal de Lisboa que o arguido seja dispensado de comparecer no julgamento do processo BES, que começa na próxima terça-feira, devido à evolução desfavorável da doença de Alzheimer que lhe foi diagnosticada.
O ex-banqueiro foi acusado de 65 crimes, entre os quais associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada e branqueamento, sendo que três crimes prescreveram entretanto.
Os advogados Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce citam o relatório mais recente do médico – datado de 27 de setembro – em que é descrito que o ex-banqueiro “não apresenta capacidade cognitiva para participar de forma competente em qualquer sessão judicial e que a simples presença física num ambiente de tribunal pode gerar um agravamento dos sintomas da doença”.
Além disso, a defesa fala em “perda de autonomia global” de Salgado e refere que este precisa da “supervisão de um cuidador” para a maior parte das atividades, na maioria das vezes assegurada pela mulher. “Em face do exposto, requer-se que Vossa Excelência se digne dispensar a presença” do arguido em audiência de julgamento, resumiram.
O documento submetido ao Juízo Central Criminal de Lisboa refere ainda que sessão judicial realizada em fevereiro deste ano “resultou num claro agravamento dos sintomas cognitivos e comportamentais, incluindo um risco aumentado de incontinência”. Desde esse momento, segundo a defesa, o estado clínico do ex-presidente do BES “evoluiu desfavoravelmente”.
“Afigura-se, portanto, contra a mais elementar dignidade humana e atenta contra os mais básicos princípios de respeito pela vida humana obrigar um arguido a comparecer em julgamento sujeitando ao agravamento de episódios de incontinência (no próprio tribunal) e também ao risco de agravamento dos sintomas cognitivos e comportamentais”, lê-se.