“O bullying que existe nas escolas não é uma brincadeira”, alertou esta quarta-feira a presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ), Rosário Farmhouse, que, durante uma audição parlamentar na Comissão de Educação, alertou que o número de casos de comportamentos autolesivos teve “um aumento enorme”.
A responsável sublinhou que grande parte desses casos dizem respeito a bullying e muitos ao chamado “bullying social”. “De qualquer tido de bullying, mas muito deste bullying que os pais não tem noção do que se está a passar, porque é mais invisível e só em casos extremados é que se apercebem”, referiu, dando como exemplos histórias em que todos os colegas da turma são convidados para uma festa menos um: “Ela percebe que foram todos a uma festa e ela foi excluída. E fazem-no sistematicamente”.
“O bullying social é mais invisível mas tem trazido consequências enormes nas crianças, principalmente com comportamentos autolesivos”, e a ser, muitas vezes, desvalorizado pelos próprios colegas, “que acham que é só a brincar”.
“Não é a brincar quando se faz um ato repetido, quando se exerce poder e quando a outra pessoa não quer, sejam humilhações, violência verbal ou física”, salientou.
No ano passado, as escolas denunciaram quase dez mil casos de crianças em perigo às comissões de proteção de menores: Houve “9.929 comunicações de perigo vindas diretamente das escolas”, disse Rosário Farmhouse, citando dados do relatório anual que será entregue ainda este mês no parlamento. Este número revela um aumento em relação a 2022, quando houve 9.082 comunicações à CPCJ por parte de estabelecimentos de ensino, acrescentou a deputada Isabel Mendes Lopes, do Livre, partido que requereu a audição parlamentar desta quarta-feira.