A temporada de furacões do Atlântico Norte deste ano arranca oficialmente a 1 de junho e prolonga-se até ao dia 30 de novembro, com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos a prever que seja mais intensa do que o normal. Estamos a falar da provável formação 17 a 25 tempestades nomeadas, que, explica Alfredo Graça, especialista da Meteored Portugal, consistem em sistemas tropicais (tempestades ou furacões) que atingem ventos de 62 km/h ou mais. Das tempestades nomeadas, entre 8 e 13 poderão transformar-se em furacões, com vento acima de 119 km/h, incluindo 4 a 7 furacões de categoria intensa (“major”, em inglês), que são aqueles com vento superior a 178 km/h e classificados como categoria 3, 4 ou 5.
Além das águas do Atlântico mais quentes do que o normal, o fenómeno La Niña ajuda a explicar a “hiperatividade” prevista para esta temporada. Quando o La Niña está ativo, os ventos ficam mais fracos nas camadas mais altas da atmosfera – são geralmente bem mais fortes que os ventos nas camadas baixas – sobre o Atlântico Norte. A diferença vertical de ventos é reduzida, ou, em linguagem técnica, o cisalhamento do vento é reduzido. E é precisamente com um reduzido cisalhamento do vento que os furacões têm melhores condições para se desenvolverem.
Alfredo Graça sublinha que a chegada de furacões procedentes do Atlântico a Portugal não é frequente, mas também não é inédita. Desde 2018, foram 10 os ciclones tropicais (furacões e tempestades tropicais ou subtropicais) a manifestarem-se nas proximidades do nosso país (Continente e ilhas) ou até mesmo a tocarem terra. O geógrafo lembra “o enorme rasto de destruição provocado pela passagem dos furacões Leslie (2018) e Lorenzo (2019), da tempestade subtropical Alpha (2020) e até mesmo mais recentemente daquele que ficou conhecido como “ex-furacão” Danielle (2022)”.
Tendo em conta a previsão da NOA e o histórico climático recente dos ciclones tropicais nas nossas latitudes, “a probabilidade de algum sistema tropical mais ou menos intenso vir a atingir Portugal é bastante razoável”, conclui o especialista.