Quando se fala em Mr. Bean e em carros, pode surgir a imagem mental desta personagem de humor sentada numa poltrona colocada no tejadilho de um Mini amarelo de 1977, mas não é esta viatura que está em causa num debate que aconteceu na Câmara dos Lordes esta terça-feira.
Durante uma reunião no Palácio de Westminster, em Londres, em que se debatia questões relacionadas com o ambiente e as alterações climáticas, representantes do think tank Green Alliance comentavam os obstáculos enfrentados pelo governo do país para a eliminação gradual dos carros a gasolina e diesel até 2035. Durante esta intervenção, foi mencionado o artigo de opinião assinado por Rowan Atkinson para o The Guardian em junho de 2023, que, segundo a Green Alliance, prejudicou a imagem que a população do Reino Unido tem dos carros elétricos.
“Adoro veículos elétricos – e fui um dos primeiros a comprá-los. Mas cada vez sinto-me mais enganado” é o título do texto que causou polémica e que foi caracterizado pelo think tank como “prejudicial”. A Green Alliance refere que os dados apresentados por Rowan Atkinson não correspondem à verdade, lamenta que “ as verificações de factos nunca atinjam o mesmo público que a afirmação falsa original” e apela aos meios de comunicação que tenham “padrões editoriais mais elevados”. Referiu-se ainda que as palavras do ator foram usadas em relatórios “enganosos” que acabaram por prejudicar as vendas dos carros elétricos.
No seu artigo de opinião, o ator, que é licenciado em Engenharia Elétrica e Eletrónica pela Universidade de Newcastle, admitiu ser um fã de automóveis, disse que os carros elétricos “não têm alma”, criticou o uso de baterias de iões de lítio, e admitiu ter aconselhado amigos a manterem carros a diesel. “Sinto cada vez mais que a nossa lua de mel com os carros elétricos está a chegar ao fim, e isso não é mau”, escreveu.
Uma semana depois desta publicação, Simon Evans, editor do The Guardian, publicou um artigo de resposta à opinião de Atkinson com o intuito de retificar informações partilhadas pelo ator. “O maior erro de Atkinson é não reconhecer que os veículos elétricos oferecem benefícios ambientais globais significativos quando comparados com os carros com motor de combustão”.