Arrumar a mala no compartimento de cima, sentar, apertar o cinto e desfrutar da viagem. Pode parecer que é só isto que acontece, mas o tempo que se passa dentro de uma aeronave nem sempre é descontraído. Afinal, existem muitos outros passageiros e um bom ambiente só é conquistado se todos tiverem consciência de que há certas regras de etiqueta que devem ser cumpridas dentro de um avião.
Dados do estudo TGI da Marktest indicam que um em cada cinco portugueses (20,3%) viajaram de avião em 2022. Estes valores ainda não alcançaram os estabelecidos em pré-pandemia (eram 26% de portugueses em 2019), mas provam que há uma parcela bem significativa da nossa população a andar de avião. É por isso importante recordar algumas regras de etiqueta que, para muitos são básicas, mas que para outros podem (e parecem…) estar a passar um pouco ao lado.
Um simples “olá”
Para Diane Gottsman, especialista em etiqueta e dona da Escola de Protocolo do Texas, EUA, a primeira regra é cumprimentar a tripulação de cabine que recebe os passageiros. “Devemos ser simpáticos com a primeira pessoa que vemos ao entrar num avião”, alerta. Andrew Henderson, que é comissário de bordo há 20 anos, admite que este cumprimento é cada vez mais esquecido. “É algo que está a ser perdido, com as pessoas a irem distraídas com headphones nas orelhas ou com aparelhos eletrónicos nas mãos”.
Mostrar atenção
Quem anda de avião acredita que não precisa de ouvir atentamente as regras de segurança apresentadas no início de cada voo. A tripulação percebe quando está a ser ignorada e não aprecia a atitude. “Se houver alguma emergência, metade das pessoas vão ficar no avião, distraídas com headphones ou os telemóveis”, destaca Rich Henderson, também comissário de bordo. Essas distrações também levam a que muitos passageiros não percebam quando o trolley com bebidas ou refeições passa, o que pode gerar algumas reclamações mais tarde que poderiam ter sido evitadas.
Quando há crianças
É o desejo de muitos passageiros: não ficar sentado perto de uma criança pequena durante um voo. São pequenos companheiros de viagem com comportamento imprevisível, mas que também têm todo o direito de estar ali. Gottsman admite que muitos pais são colocados em posições difíceis durante voos, “com as outras pessoas a revirarem os olhos” perante alguma situação complicada de lidar. Ainda assim, a especialista destaca que um adulto que viaje com um menor deve ter atenção redobrada, pela segurança da criança e pelo bem-estar dos outros passageiros. “Fique atento para que o pequeno não dê pontapés no assento da frente”, exemplifica.

Pontapés no assentos, decisões sobre janelas e ocupação do apoio de braços
Os especialistas referem que pequenos comportamentos podem prejudicar a experiência de voo dos passageiros. É o caso dos pontapés nos assentos, de ter as janelas abertas ou fechadas ou de ocupar um apoio de braço. Andrew Henderson recomenda que qualquer uma destas situações seja resolvida através de uma conversa adulta e educada. O comissário de bordo alerta que atitudes mais “egocêntricas” provocam conflitos na certa.
Andrew Henderson aconselha a resolver problemas como este dos pontapés no assento com um pedido gentil. O comissário de bordo diz que quem está à janela é que decide se a quer aberta ou fechada e refere ainda que no que toca ao apoio dos braços, o passageiro que vai no meio deverá ter direito de prioridade.
Reclinar ou não reclinar?
Há passageiros que dizem que não se deve reclinar o assento para não diminuir o espaço de quem está no lugar atrás. Outros assumem que esta é uma opção válida e que não incomoda tanto o outro. O que diz a etiqueta sobre esta questão?
“Antes de reclinar o seu assento, deve olhar para trás para ver se o passageiro está apoiado no assento ou se tem o tabuleiro da mesa recolhido ou com alimentos”, destaca Gottsman. Rich Henderson diz que o assento “deve ser usado” nas diferentes potencialidades, mas destaca que “na altura na refeição deve voltar à posição direita”.
O lugar dos sapatos é nos pés
Se vai andar de avião, escolha calçado confortável para não sentir necessidade de o tirar durante a viagem. “Não é aceitável que tire os sapatos, nem que ande pela cabine descalço ou de meias”, alerta Gottsman, que condena ainda quem coloque pés apoiados em assentos ou nos suportes para os braços.