Este ano, duas descobertas relacionadas com mãos robóticas já deram novos sinais de avanços na tecnologia de precisão, cada vez mais baseada na sensibilidade humana. Primeiro, uma pinça robótica com três dedos capaz de “sentir”, com grande sensibilidade, ao longo de todo o comprimento de cada dedo e não apenas nas extremidades. A investigação feita pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, os dedos robóticos macios e rígidos tinham incorporados sensores ao longo de todo o dedo, permitindo-lhes produzir uma mão robótica que consegue identificar objetos com precisão após apenas um aperto.
No verão, foi a vez de uma luva robótica dar uma mão e alguma esperança a pianistas, por exemplo, que depois de terem sofrido um acidente vascular cerebral ou outro neurotrauma tenham ficado incapacitados. A pesquisa feita na Universidade Atlântica da Florida resultou na combinação de sensores táteis flexíveis, componentes suaves (que mudam a sua forma em resposta a estímulos incluindo mecânicos, térmicos, magnéticos e elétricos) e Inteligência Artificial, em forma de luva, a primeira a “sentir” a diferença entre as versões corretas e incorretas da mesma música e a combinar esses recursos num exoesqueleto de mão única.
Desta vez, na Europa, uma investigação realizada no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zürich), na Suíça, uma das mais reputadas universidades do mundo no ramo de engenharia e tecnologia, conseguiu imprimir uma mão robótica com ossos, ligamentos e tendões. A diferença está nos materiais utilizados: diferentes polímeros (macromoléculas resultantes da união de muitas unidades de moléculas pequenas) e uma nova técnica de scanner a laser. Essa inovação permite imprimir em 3D plásticos especiais com qualidades elásticas de uma só vez, abrindo assim possibilidades inovadoras para a produção de estruturas robóticas leves.
À medida que se alarga a gama de materiais passíveis de serem utilizados, avança também a impressão 3D. Se, anteriormente, a técnica estava limitada a plásticos de secagem rápida, agora abriu-se para plásticos de secagem lenta, uma vantagem por terem propriedades elásticas melhoradas e serem mais duráveis e robustos.
O uso desses polímeros é possível graças a uma nova tecnologia desenvolvida por investigadores da ETH Zürich e de uma start-up norte-americana e são adequados para criar estruturas delicadas e peças com cavidades.
“Não teríamos sido capazes de fazer esta mão com os poliacrilatos de secagem rápida que temos usado na impressão 3D até agora”, explica Thomas Buchner, aluno de doutorado do grupo do professor de robótica da ETH Zurich, Robert Katzschmann e primeiro autor do estudo.
“Esta tecnologia de impressão permite-nos ter as partes macias realmente elásticas, com baixa viscosidade. Isso dá lugar a ter um braço robótico mais natural em comparação com aqueles que conseguíamos fabricar antes”, acrescenta.
Por enquanto, essa mão não pode ser colocada num ser humano e usada de forma adequada, mas é um primeiro passo no processo de impressão 3D que vai levar a ter interações mais rápidas e um processo mais célere desde uma ideia até um protótipo acabado.
Agora estão a usar polímeros de tioleno de secagem lenta, têm propriedades elásticas muito boas e retornam ao seu estado original muito mais rápido, após serem dobrados, do que os poliacrilatos, daí serem ideais para produzir os ligamentos elásticos da mão robótica. Os próximos passos passam por explorar novas possibilidades de aperfeiçoar a tecnologia para estruturas e aplicações mais sofisticadas.
“Estou particularmente interessado em aprofundar mais a engenharia de tecidos com esta tecnologia. Queremos realmente ver como podemos combinar células vivas com esta tecnologia de impressão. Podemos agora fazer estruturas que têm características muito finas e, assim, fornecer a base para o crescimento das células”, explica Robert Katzschmann, professor que lidera a equipa de robótica do ETH Zuriq, à Reuters.
“Talvez possamos construir novos tipos de tecidos e usá-los para robótica, mas também para fins médicos”, almeja o investigador.