A partir desta quinta-feira o glitter ficou ameaçado nos 27 países que compõem a União Europeia (UE) por causa das restrições implementadas aos produtos com microplásticos. Esta é uma medida que se enquadra nos esforços da comunidade de reduzir a poluição por plásticos em 74% e de microplásticos em 30% até 2030. Estão abrangidas partículas com menos de cinco milímetros, insolúveis e resistentes à decomposição.
Virginijus Sinkevičius, comissário da UE pelo ambiente, oceanos e pescas, diz ao The Guardian que “o mais importante é travar a poluição na fonte”. Estima-se que todos os anos o ambiente recebe entre 52 mil a 184 mil toneladas de plástico só no espaço da UE.
Esta medida foi aprovada em agosto, mas apenas está a começar a ser implementada esta semana. A partir do dia 18 tornou-se proibida a venda de produtos com glitter solto, como brinquedos ou materiais de papelaria ou bricolage. Os cosméticos líquidos com glitter, como o gloss ou o verniz, apenas ficarão bandidos da UE em outubro de 2017 e os secos, como as sombras para maquilhagem dos olhos, têm até outubro de 2029 para serem retirados do mercado. O glitter feito de vidro, metal e de alternativas naturais ou solúveis não estão incluídos na proibição.
Esta medida surge depois de a comunidade científica estar há décadas a fazer pressão. Especialistas alertam para o facto de os microplásticos passarem facilmente em sistemas de filtragem de água, contaminando os oceanos, lagos e rios, o que prejudica a vida marinha. Os pequenos pedaços de plástico provocam risco de asfixia em aves e peixes, sendo ainda responsáveis por mudanças comportamentais e genéticas. Nos humanos, os microplásticos podem provocar diversos tipos de cancro e prejudicar o sistema reprodutivo.
Desde que se fala na possibilidade de os produtos com microplásticos serem banidos que várias empresas estudam alternativas, mas as alternativas biodegradáveis de glitter continuam a ser consideradas prejudiciais por impactarem os ecossistemas aquáticos.
Ainda que muitos cientistas aplaudam a proibição do glitter, outros há que não vejam relevância na medida. Robert C. Hale, professor do Instituto de Ciências Marinhas da Virgínia, afirmou ao The New York Times que o glitter representa “muito menos de 1% dos microplásticos que poluem o meio ambiente” e por isso a proibição “não resolve o problema”. Em 2020, a Bloomberg relatou que a principal fonte de poluição por microplásticos, com 35%, provém de roupas feitas de têxteis sintéticos.
