Conseguir correr a maratona em menos de duas horas é cada vez menos uma utopia. E começa a desfazer-se a ideia, em voga noutros tempos, de que essa seria uma proeza “cientificamente” impossível, pelo menos durante o tempo das nossas vidas. Agora, tudo indica que a quebra daquela marca pode ocorrer bem mais depressa do que se pensava, tendo em conta a extraordinária e recente evolução que se regista na mais mítica e difícil prova do atletismo. O objetivo está agora a pouco mais de meio minuto de “distância”, depois de o jovem talento queniano Kelvin Kiptum, de apenas 23 anos, ter pulverizado a melhor marca mundial do seu compatriota Eliud Kipchoge, cortando a meta, em Chicago, ao fim de 42 km e 195 metros, com o extraordinário cronómetro de duas horas e 35 segundos.
Faltam, portanto, 35 segundos, o equivalente, no nível atual destes atletas, a uma distância de pouco mais de 210 metros – o que pode parecer uma enormidade num final ao sprint entre dois corredores (cerca de meia pista de atletismo, se a prova terminasse num estádio), mas que não deixa de ser um “pormenor” alcançável numa corrida com 42 195 metros. O problema é que cada segundo ganho numa maratona exige que se vá buscar ao corpo do atleta mais um bocado daquilo que se pensava estar para lá do limite humano.